sábado, 18 de junho de 2016

Quando o bicho pega

Para o Alexandre e para acredito que para a maioria dos autistas, TUDO que é mais organizado e pontual melhor.

Na escola as atividades em sala, ou fora que exigem interação ,mas que ele compreenda o que fazer, ele participa super bem.
Na T. O. eles brincam de troca de papel, mas para isso ocorrer, a terapeuta monta um circuito e ele apenas é o personagem e faz uma voz diferente , ou algo parecido. Ele vai pular na piscina de bolinha que vira um rio, um mar e sempre com uma ajudinha da terapeuta. É um faz de conta BEM estruturado, mas é um faz de conta.

Quanto mais pontual a fala , melhor é seu entendimento , comandos curtos e objetivos dão melhores resultados. Não adianta querer dar uma grande explicação, na maioria das vezes ele já se perdeu no meio. Se for preciso explicar algo mais detalhadamente, dividimos em etapas ... Facilita MUITO!

Em casa temos nossa rotina, para ele participar jogamos muitos jogos e estruturo ao máximo a brincadeira também, a Stella mesmo sem nomear, entende que o irmão precisa de uma ajuda para brincar, ela pede constantemente para que ele olhe nos olhos dela quando ela fala, me solicita ajuda para chama-lo para brincar.

Agora quando saímos de casa e vamos para a casa de uma tia por exemplo, que é um lugar que ele não está acostumado, com os primos que ele sempre vê, mas não ali, barulhos diferentes, ansiedade do passeio , comida feita por outra pessoa... O bicho pega! Antigamente ele pediria o tablet e ficaria na dele, no sofá sozinho. Hoje ele quis interagir com os primos e a irmã, mas a grande questão é que ele não sabe como. Ele fica perdido, nas brincadeiras muito desestruturadas ele simplesmente não sabe o que fazer... Ele se perde , ele começa então a " provocar" a irmã, pega o brinquedo da mão dela, por exemplo. Corre sem motivo, acompanha as crianças mas não interage, ele começa a se jogar mais no chão , no sofá e a fazer o "ihhhhhhh" (sinais de que os estímulos estão intensos e que precisa regula-los ).

Ele nao fica agressivo, isso nunca aconteceu e nem provoca os primos, ele vai sempre na irmã e aí eu entro em cena para mediar.

Hoje por exemplo, precisei tira-lo de cena, leva-lo para um lugar sem ninguém, lembrar algumas regras, acalma-lo um pouco, fazer uma massagem nas mãos e nos braços . Ele fica muito excitado em visitar os primos aí junta a dificuldade em socializar  mais o  excesso de estímulos ... Ele simplesmente não me ouve , por isso intervenho para organiza-lo . Depois desse momento, ele ficou mais calmo e voltou a me ouvir.

A questão do brincar é muito complicada, ele esta com quase 6 anos, as crianças dessa idade inventam brincadeiras e brincam sozinhas, ele não, ele precisa de mediação constante e mesmo assim se desinteressa e acho difícil mediar muito por conta dos outros, por poder inibir a brincadeira . Como já disse, sendo estruturada, sendo um jogo é mais fácil , é concreto e ele tira de letra , agora quando ele precisa entender, criar e acompanhar a brincadeira, é extremamente difícil e desorganizador para ele.

O ponto positivo que tiro de hoje é o fato dele estar junto das outras crianças , de querer brincar, mesmo sem entender já valeu a pena.
Estamos no começo de um longo tratamento , com muita dedicação e T.O. tenho certeza que conseguiremos minimizar essas dificuldades , que são próprias do TEA.

Cada autista é unico... Eu entendo do Alexandre e para ele seu maior desafio é o social !