quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ele monta frases!

Demorou quase 4 anos para ele falar...
Ele por volta de 1 aninho falava sim algumas palavras, emitia sons que pareciam palavras e PAROU por volta dos 2 anos...foi quando o autismo começou a se manifestar...
Ao longo desses 7 meses na fono, agora fazendo avaliação neuropsicológica, estou aos poucos aprendendo sobre neurologia, fonoaudiologia, resgatando a psicologia ...Acho que esse é o processo, ele avançando, nós buscando dar os meios para esses avanços e aprendendo o possível para entender esse transtorno tão complexo , único e para poder ajudá-lo da melhor forma.

E ele voltou a falar... Essa aquisição da fala é um MARCO, na vida dele e na nossa, das pessoas que convivem com ele, agora ele repete o que dizemos, está estruturando frases... Está um barato!
E eu queria dividir com vocês, alguns momentos delícia desse falante...

Eu costumo chamar a Stella de princesa, e quando ela acorda eu digo: " Oi princesa!"... Ele agora quando acorda diz: " Oi pincesa!" (sic)
Ao chegar na varanda pela manhã  ele fala: " Tá tano" (tá claro) ... " Não ta icuno!" ( escuro)
Ele se emociona assistindo Frozen, na parte da música " Livre estou"  e não gosta de assistir, na escola a professora disse que ele chorou , por isso compramos, para entender , se era isso mesmo.E sim, ele se emociona, aqui em casa ele não chorou, mas pediu pra tirar. Só no dia seguinte consegui assistir o resto do filme com ele, dizendo por várias vezes, que não colocaria a música.
Eu, claro,  fiquei com a música na cabeça... Comecei a cantarolar e ele vira e diz: " Não fala, mamãe!"
Ah, agora tudo é " Vem mamãe", " Vem papai" , " Não quero mais suco, mamãe!" , " Não tem xixi, mamãe!" ...Tô enlouquecida com esse ser falante me chamando!!!!
Ele foi no passeio da escola, as fotos chegaram hoje e ele tirou uma foto no cavalo e eu disse: " Alê, vem olhar a sua foto no cavalo , lá na fazendinha! " " Mamãe, não é cavalo é pooooonei !" (sic)

Ele começou a falar do nada :" Renato e Marina". Eu pergunte quem são e ele disse: " Amigos! "
Só que sei que na turma dele não tem Renato nem Marina. Na segunda seguinte, perguntei para a professora quem são e ela começou a rir, dizendo que Marina é uma menina do mini infantil que tem um irmão, o Renato e que é assim que os chamam na hora da saída pelo microfone... Para a felicidade dele, a moça do portão deixa sempre, as crianças que querem, chamar as outras pelo microfone, ela diz o nome e elas os chamam. E todas já sabem que ele está falando e quando vou buscá-lo ela sempre pergunta se ele quer falar, ele diz que sim e ela então nesse dia pediu: " Lelê, chama a Marina e o Renato!"
A cara dele de satisfação foi impagável... Ele os chamou umas 5 vezes muito feliz !

Muitos já vivenciaram, ou estão vivenciando esse momento com seus filhos , eu já cheguei a pensar que nunca passaria por isso com ele , nunca me foi garantido que ele voltasse a falar... Por isso, ouví-lo diariamente se expressar, a cada dia seu vocabulário aumentar, tentando contar da escola, dos amigos é uma satisfação gigantesca, é uma vitória sem tamanho! E é bom demais fazer parte, acompanhar e vibrar, pois ele quando percebe que entendemos o que ele fala, abre um sorriso LINDO !É muito gratificante...É muito emocionante...AMO!






terça-feira, 2 de setembro de 2014

O mundo sensorial


O sistema nervoso percebe, organiza e interpreta os dados sensoriais recebidos. 

O que seria Desordem do Processamento Sensorial (também conhecida como Disfunção Integração Sensorial) ?
 A palavra "desordem" é utilizada como "má-função"; o que significa que o sistema nervoso não está trabalhando de uma forma eficiente e organizada dentro do corpo. "Sensorial" significa que a ineficiência do sistema nervoso afeta os sistemas sensorias que possuímos (tato, visão, audição, olfato, paladar, vestibular, proprioceptivo e interoceptivo). 
Quando o Sistema Nervoso não processa os inputs sensorias de maneira correta, o comportamento do indivíduo fica diretamente comprometido além de também comprometer a aprendizagem.




O Transtorno de Processamento Sensorial tem três categorias: hipersensibilidade, hipossensibilidade e impulsividade. A criança hipersensível tem uma sensibilidade maior à luz, sons, toque e texturas, enquanto a criança hipossensível não responde à estimulação sensorial. A criança impulsiva procura sensações, o que muitas vezes leva à falta de consciência do corpo e espaço.


O Alê anda nas pontas dos pés, pede para tirar TODAS as etiquetas das roupas, coloca as mãos nos ouvidos diante de barulhos  que o incomode, fica alucinado com luzes piscando, gosta de cheirar os alimentos, de sentir na pele (literalmente) texturas que ache interessante , como lençol , almofada, sabonetes, ele muitas vezes tropeça demais em tudo e em todos... Percebo que ele é mais hipersensível do que as outras duas.
O que mais me chama a atenção é que ele coloca as mãos nos ouvidos e "enfrenta" a situação,  seja qual for, ele não se isola. Parece que o barulho o incomoda, mas mesmo assim, ele busca permanecer no ambiente. Adoro e admiro isso nele...
Outro dia fomos para a festa da prima Bia, de nove anos, foi em um buffet muito legal. 
Lá tinha uma salinha de discoteca.Era escura, com música alta, luzes piscando e girando... Achei que ele iria surtar lá, que iriamos ter que tira-lo correndo... QUE NADA!!! Ele ficou em êxtase, adorou, ficou extremamente excitado com as luzes , não colocou as mãos nos ouvidos ... Só queria pular, dançar e quando vinha ao meu encontro, fora da discoteca ficava dizendo: "Muica! Muica!"
 Não esperava essa reação dele, nem sei porque ele a teve, não sei se as luzes o deixaram tão excitado que tudo ao seu redor perdeu importância, não sei se por estar escuro ele se sentiu mais seguro, se o conjunto de todas as variáveis fizeram ele ficar tão excitado que ele desligou, ficou dançando no "seu mundo", não sei dizer mesmo... Só sei que ele se divertiu horrores na discoteca e na festinha!


Nas minhas pesquisas, descobri que o profissional que melhor pode ajudar nessa questão do transtorno sensorial é um terapeuta ocupacional (T.O). Mas sempre bom reforçar que tenha experiência com criança autista. O neuropediatra também pode ajudar no diagnóstico e indicar profissionais especializados.

Algo que aprendi , sempre buscar profissionais especializados em atendimento com autista, porque FAZ TODA a diferença, o lidar é diferente, os resultados são mais positivos e a criança fica menos estressada.