sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Uma breve retrospectiva ...

Mais um ano chegando ao fim...

Um ano repleto de conquistas, de imprevistos, de ganhos, de perdas...
Assim é a vida... Né?

Nesse ano, o Alexandre ficou pela primeira vez internado ( por 1 dia) no hospital, por conta de uma meningite viral, e teve sua primeira FEBRE (38,2 ºC) ... Baita susto na mamãe e no papai ...

Nesse ano Alexandre foi incluído na sua turma da escola... Foi um ano maravilhoso da sua vida escolar, nunca o vi tão integrado, tão pertencente e tão querido como ele é na escola...
Nesse ano ele quis comemorar seu aniversario com os amigos da escola no parque que tanto adora e foi sensacional!
Nesse ano Alexandre entendeu o que é perder um ente muito querido... E do jeitinho dele, ele sofreu muito durante a doença do tio avó e ainda sente muito a falta dele, afinal foi esse tio que o levou em Interlagos, que corria corridas de carro virtuais e o colocava no colo para correrem juntos... Ainda estamos aprendendo a lidar ...

Nesse ano Alexandre viajou de avião! E criei um monstro!!!! Ele só quer viajar de avião !!!
Nesse ano ele aprendeu a nadar com boias, e atualmente esta treinando mergulhar a cara na água...

Nesse ano Alexandre começou seu acompanhamento no dentista... Caiu 2 dentinhos e hoje ele AMA as idas ao dentista!!!!

Nesse ano completou um ano na Terapia Ocupacional de Integração Sensorial... Que ao meu ver fez TODA a diferença em nossas vidas!
Como ele evoluiu sensorialmente... Aprendeu a falar o que incomoda, está aprendendo a se regular sensorialmente sozinho...

Foi um ano muito corrido, intenso, mas foi um ano de conquistas, de aprendizados e eu aprendi a não subestima-lo ... Ele me surpreendeu demais!
Ele deu um salto socialmente,  ele procura as pessoas para falar, ele busca estar junto delas, ele ainda não consegue manter uma conversa , ele ainda só gosta de falar de assuntos do seu interesse e o tempo que ele julgar necessário ... As vezes ele apenas quer falar e não quer conversar, sei que precisamos trabalhar essa habilidade, mas para mim está tudo incrível ...

E ele continua sendo uma criança cativante, extremamente afetiva , feliz e mais autônoma!




Que venha 2017 com mais conquistas e que ele continue nos surpreendendo ...



segunda-feira, 31 de outubro de 2016

TRI CO LOR !!!!

A facilidade em memorizar  qualquer coisa dele é fantástica!

Quando realizada sua avaliação neuropsicológica foi detectado que sua capacidade de memorização é bem acima da média...

Com isso, quando ele gosta de algo basta uma vez, lendo , vendo ou falando e pronto!

Também já contei da importância de sempre  aumentar seu repertório... Sobre jogos, videos, brincadeiras... Ele tem uma tendência , normal do transtorno, em fixar sua preferencia , por isso buscamos sempre aumentar seu repertório, em tudo.

Aqui em casa gostamos muito de futebol, assistimos jogos do nosso time e qualquer bom jogo que esteja passando.
Alexandre começou a assistir também e claro, já sabe toda a escalação do time do São Paulo, conhece vários jogadores dos outros time e ADORA o Neymar Jr. (risos)

Quando o time da vovó joga , depois do jogo ele liga para ela para falar do resultado, quem fez os gols, se foi um golaço ... E como bom torcedor já se arrisca a palpitar. Entende as regras, sabe o que é escanteio, tiro de meta, falta ...

Tudo isso nos indicou que era hora de ir ao estádio !

Um dia antes do jogo, conversamos sobre as possibilidades de ganhar, empatar e perder, que é normal ficar triste quando perde, mas que faz parte do futebol. Na verdade, temos essa conversa SEMPRE com ele, ainda é muito difícil tolerar frustrações.

Contamos  também que no estadio não tem REPLAY ( não sabia que agora, nas numeradas têm televisão), que no estádio faz muito barulho, as pessoas gritam, cantam ... Buscamos contextualizar e antecipar, ajuda muito a mante-lo mais calmo e organizado.

No dia do jogo tinhamos uma festinha de aniversário . Fomos na festa e saímos uma hora antes do começo do jogo ... Achamos que daria tempo... Calculamos mal ...
Chegamos no primeiro jogo dele no estádio, 10 minutos atrasados!!!!!!
Chegamos na hora que o São Paulo tinha feito um GOL de pênalti ...

 Eu queria me auto flagelar... Todo o planejado deu errado, estava apreensiva , como ele reagiria a tudo isso? E ainda perdemos o gol?Achei que ele entraria numa crise .
Entramos correndo, ele meio que chorando no colo do pai, a Stella no meu colo sem entender nada... Enfim entramos e sentamos  .
Ao nos acomodar, percebemos a televisão e assim ele pôde rever o lance do gol ... Ele estava chateado por ter perdido o gol e perdido a hora do hino, mas estava tranquilo... E eu estava inconformada, justamente no primeiro jogo dele e ele perdeu o gol !!!!!

Mas assistir seu time no estádio é sempre uma festa, eu e o marido começamos a cantar, a vibrar para descontrair um pouco... Ele permanecia sentado, com as mãos nos ouvidos assistindo, olhando a televisão e o campo, não falava nada e quando falava era para lamentar que perdeu o gol.

Eu imaginava que ele levaria um tempo para se organizar, nunca tinha ido , lugar novo, muito barulho, mas como chegamos atrasados, correria para entrar , sabia que ele levaria um tempo a mais e até cheguei a esperar algo pior. NADA ! Ficou na dele , mas estava tranquilo.

Por volta dos 15 minutos do segundo tempo, depois de sorvete, refrigerante e pipocas ele despertou! Se levantou, começou a comentar como de costume o jogo, a lamentar as bolas para fora , estava curtindo o jogo, fazendo perguntas para o pai ...  UFA!

Logo depois , nosso time marca outro gol !

Aí foi uma festa! Olhos brilhando, emocionado, vibrando no colo do pai, começou a cumprimentar as pessoas ao redor, abraçou e foi abraçado, era só alegria! A carinha dele , vendo todo mundo cantando, vibrando ... Foi sensacional !

Ele adorou! Saiu do estádio cantando os gritos da torcida e lógico , querendo cumprimentar e comentar com todos a vitoria: " Oi, você viu o nosso time? Ganhou de 2 X 0 , foi de pênalti do Cueva e um golaço do David Neres " (sic)

Agora Alexandre já nos cobra o próximo jogo e enfatiza: " Vamos chegar bem cedo , né? Precisamos ouvir o hino, ver a entrada dos jogadores ..."
Que assim seja!!!! (risos)






domingo, 23 de outubro de 2016

Seis primaveras !


Só no seu primeiro aniversário fizemos uma festona... Nos anos seguintes tinhamos a vontade , mas sempre acabávamos fazendo um bolinho em casa e um na casa da bisa, alguns amigos com filhos e a família .
Nesse ano, no seu aniversário de 6 anos, queríamos algo diferente ... Ele apenas pediu um bolo verde para levar na escola. Esse eu mesma fiz, bolo simples e glacê verde com pedaços de maçã verde encima , como o pedido!
Um mês antes fomos em um aniversário de uma amiga da escola em um parque... Gostei tanto da ideia que lá fomos nós, eu e o marido, organizar uma festinha no parque que ele adora ,o Parque do Cordeiro.

Perguntei se ele gostou da ideia e se queria chamar os amigos da escola, ele disse que sim e pronto. Nada muito animado. Essas reações são esperadas e comuns. Fui em frente, afinal a interação social é seu maior desafio, é sua maior dificuldade.

O dia chegou!

Chegamos mais cedo no parque, ele levou seu patinete verde, presente nosso tão esperado!
Vovó Teté foi mais cedo também, para nos ajudar a arrumar o pique nique do Alê.
Primos, primas,tios, tias chegando e os amiguinhos da escola também... Conforme as pessoas iam chegando era visível a felicidade dele! Todos ali , no seu pique nique!

Foi um dia maravilhoso, bem significativo para ele... Alguns amigos levaram seus patinetes , bicicletas e ele estava curtindo tudo, interagindo da sua maneira e feliz!

Espero que dias assim possam sempre se repetir ... Foi muito especial !!!

Sei que as vezes acabo subestimando o Alê, achando que ele não dará conta, ou que ele não entenderá ... E aí vem aquele brilho no olhar dele que me responde tudo!
E entendo que o nosso papel seja mesmo o de não desistir, de incentivar e ajuda-lo nesses momentos em que ele resiste mais, por não saber como fazer!


















terça-feira, 13 de setembro de 2016

Vamos falar de inclusão... SEMPRE!

"SOMOS TODOS IGUAIS"

Se associar essa frase `a inclusão , é preciso repensar...

Não incluimos para tornar igual, mas para proporcionar condições iguais .
Se em um grupo de 5 pessoas 1 for deficiente e você insistir em dizer que são todos iguais, você estará apenas negando a diferença .

Mesmo em um grupo de 5 normatípicos, você não encontrará essa igualdade( AINDA BEM , né?).

Incluir passa pelo perceber a diferença , conhecer a diferença aí você respeita a diferença e depois buscará proporcionar que apesar  da diferença se alcance o mesmo objetivo igual para todos.


SENDO MAIS CLARA ...

Em uma atividade de colagem , por exemplo, a professora separa por grupos, coloca na mesa os materiais iguais para todos e em um dos grupos tem um deficiente fisico, com paralisia das mãos.
A professora incluiu ele na atividade?
CLARO que não!
Mas ele esta no grupo, com o mesmo material, todos os adoram...
NÃO, simplesmente NÃO !

Ele precisa de ajuda, de ajuda motora, para realizar a mesma atividade que seus amigos e TUDO BEM. Disponibilizar essa ajuda na atividade , onde ele participará com o grupo é incluir!

Dei um exemplo bem simples , mas é isso que precisa acontecer e não acontece muito.
Estar no grupo, não significa estar incluído .
Ter uma acompanhante em sala que não tem formação em AT (acompanhamento terapêutico) também não é incluir. Ter alguém para dizer que tem não significa que a mediação aluno e professor, aluno e alunos esteja acontecendo.

É preciso proporcionar condições de inclusão , preparar material adaptado, adequado , é ter profissionais capacitados, é cobrar conhecimento das instituições de serviço (educação, saúde , lazer ...) sobre inclusão e sobre a deficiência .

Não é privilégio esteira rolante para um cadeirante, é DIREITO , é proporcionar acessibilidade `a todos.

Não quero que olhem para o Alexandre e digam: " Ele é igual a todos e conseguirá!"
Quero que olhem e digam: " Ele é diferente sim e conseguirá como todos.

Por isso não me importo que perguntem, não me importo em falar sobre o autismo, eu não tenho vergonha de quem ele é.

Somos todos diferentes em diversos aspectos , o Alexandre também em diversos e ele também é autista, que o faz agir e entender o mundo de uma outra forma. Não quero que neguem a forma como ele entende o mundo, quero que o compreendam  por olhar o mundo dessa forma e que lhe seja proporcionado caminhos alternativos , se ele precisar, para um mesmo fim .








segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Férias da familia

A tão sonhada viagem em família aconteceu ! 
Tudo acertado e num belo domingo, dia dos pais, fomos nós para praia.

A vovó nos levou para o aeroporto, acabamos chegando cedo demais para a alegria do Alexandre, que ficou pirando vendo pousos e decolagens .
A alegria era tamanha que ele saia gritando , acompanhando os aviões e desejando boa viagem pelo saguão de embarque.
Alexandre na janelinha, do Airbus A320 da TAM,  respondendo ao comandante estar pronto para decolar!
Ficou um pouco bravo pelo assento escolhido , tinha que ser o 16 e a mamãe escolheu o 20 ... Achei que ele adoraria o lugar ... Só que não! Tinha que ser em cima da asa, mãe! 
Mesmo assim, foi tudo tranquilo, ele e a pequena ficam super bem no avião, a mamãe aqui fica sempre tensa , mas eles ADORAM !

Depois foram mais 4 horas em um micro ônibus para chegar em Búzios ... Pegamos transito na saída do Rio de Janeiro, fiquei apreensiva , mas ele estava super feliz, puxou conversa com uma argentina que estava com ônibus, quis falar em espanhol com ela e falava sem parar do aeroporto ... Foi cansativo a ida, mas eles reagiram super bem.
Chegamos, comemos e CAMA. Capotamos os quatro! Dia seguinte: MUITO SOL E PRAIA!

O Alexandre é surpreendente! Ele não entrava no mar desde os 2 anos de idade, toda vez que tentávamos ele chorava, se desorganizava e só queria correr na praia. 
Achei que seria assim, ainda mais com um mar super gelado como o de Búzios.

QUE NADA!

Entrou no mar, sozinho, ficou sentado no raso, pegava o baldinho e ia direto pro mar brincar ... Eu fiquei de queixo caído! 
Ele aproveitou o mar... Foi incrível vê-lo feliz da vida curtindo o mar. Até agua do mar, bebeu!!!! 

Ele fez amizade com o sorveteiro, com o dono da barraca que nos servia, com os banhistas que estavam ao nosso lado, ele ia e puxava assunto. Na verdade ele chegava para contar algo sobre o Brasil nas Olimpíadas , se por exemplo o Brasil ganhava no vôlei ele ia lá e contava de quanto , quem jogou . 
E foi assim os 5 dias que passamos lá. Praia, praia e praia!

O sorveteiro já sabia o nome dele e ele o do sorveteiro, todo dia ele acordava dizendo que ia pedir pro Jorge seu sorvete de limão!

No último dia fomos andar de pedalinho , a Stella estava enlouquecida para andar, mas ficamos pouco tempo, o Alexandre não gostou muito! Quando sugeri voltar , ele foi o primeiro a pedir pra voltar pra praia. 

Eu precisava vê-lo nesse contexto sabe? Em um lugar diferente, vários dias , longe de casa... A rotina casa, escola, terapias, mesmo vendo sua evolução me gerava questionamentos dessa evolução . 
E ele me surpreendeu! 

Lá pude ver toda essa evolução com outros olhos, ver o resultado do trabalho que realizamos com ele, como a Terapia Ocupacional de Integração Sensorial vem fazendo a diferença em nossas vidas.
Ele já busca, quando está muito excitado algo que o acalme, na praia ele deitava na areia. ele corria, corria , pulava, entrava no mar e depois deitava na areia.

Foram cinco dias incríveis! 
Me deixou com gostinho de quero mais.
E que venham mais viagens como essa! 







segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Marinho

Nessas férias de Julho, dentre muitos passeios, um dos mais esperados era a ida ao Aquário de São Paulo com os primos.
Tudo combinado e lá fomos nós...
Tia Lau, Tia Keridê , Felipe, Natália e nós três.

Aquario nas férias é uma loucura... Cheio! E no dia que fomos não foi diferente.
Já na entrada achei que seria um longo e cansativo dia, que essa quantidade de gente poderia desorganizar muito o Alê.

Não sei se por ser mais escuro no começo, ou pelos peixes, Alexandre ficou super bem na multidão, até cantou junto com a irmã e os primos a musica de um episódio da Peppa sobre peixes !

A minha preocupação era dele não se perder , e toda hora o mandava seguir a tia Lau. Ele entendeu e não só seguia como também ia segurando na blusa dela e falando : " Lau, estou te seguindo!" (sic)

Os quatro sempre juntos curtindo os peixes, tomando sustos com as raias que nadavam BEM no vidro perto deles ( demos boas risadas com os sustos!) , aproveitando muito o passeio!

O Alê estava tão feliz que a cada 5 minutos ele virava pra mim e falava: " Estamos no?" E eu tinha que responder : " No aquário ! " E ele fazia os " Ihhhhhhhhhh"
Ele costuma apresentar ecolalia quando está gostando muito de algo e parece precisar repetir diversas vezes o nome do lugar que esta gostando, por exemplo.

Almoçamos no restaurante do Aquário e o Alê ficou muito feliz que lá tinha sua bebida favorita : LIMONADA ! Não é suco de limão, se falo suco de limão ele logo pede para pedir desculpas e dizer LIMONADA!

Depois fomos ver os ursos polares, que estavam dormindo. Resolvemos então esperar um pouco para pega-los acordados. Fomos ver os leões marinhos, que estavam animados nadando para um lado e para outro.
O Alexandre ficou maravilhado e começou a correr junto do leão marinho e acredito que por não achar ele parecido com um leão, apenas o chamava de MARINHO!
E quando o Marinho estava chegando perto ele gritava: " Olha o Marinho!" E começava a correr dele, a irmã entrou na brincadeira, os primos também, outras crianças que por ali estavam também...

Ficaram um bom tempo correndo com o Marinho,  correndo do Marinho e gritando Marinho!

Eu quase enfartei ! Ele ao perceber que estavam brincando da sua brincadeira , quando via os primos junto dele, irradiava alegria!

Ele inventou uma brincadeira e foi seguido... Pela primeira vez !!!!!

Nem nos meus mais belos devaneios imaginei presenciar essa cena tão cedo ... Mas o Alexandre é assim, surpreende quando menos esperamos!

Não desorganizou, nada! Foi um passeio delicioso! Difícil só foi tirá- lo do Marinho para ver os ursos polares, que já tinham acordado!
Resistiu um pouco, mas quando viu os ursos nadando! Pronto! Ficou encantado, gritando os nomes dos ursos numa alegria contagiante!

Um dia inesquecível com os primos e com o Marinho !





sábado, 18 de junho de 2016

Quando o bicho pega

Para o Alexandre e para acredito que para a maioria dos autistas, TUDO que é mais organizado e pontual melhor.

Na escola as atividades em sala, ou fora que exigem interação ,mas que ele compreenda o que fazer, ele participa super bem.
Na T. O. eles brincam de troca de papel, mas para isso ocorrer, a terapeuta monta um circuito e ele apenas é o personagem e faz uma voz diferente , ou algo parecido. Ele vai pular na piscina de bolinha que vira um rio, um mar e sempre com uma ajudinha da terapeuta. É um faz de conta BEM estruturado, mas é um faz de conta.

Quanto mais pontual a fala , melhor é seu entendimento , comandos curtos e objetivos dão melhores resultados. Não adianta querer dar uma grande explicação, na maioria das vezes ele já se perdeu no meio. Se for preciso explicar algo mais detalhadamente, dividimos em etapas ... Facilita MUITO!

Em casa temos nossa rotina, para ele participar jogamos muitos jogos e estruturo ao máximo a brincadeira também, a Stella mesmo sem nomear, entende que o irmão precisa de uma ajuda para brincar, ela pede constantemente para que ele olhe nos olhos dela quando ela fala, me solicita ajuda para chama-lo para brincar.

Agora quando saímos de casa e vamos para a casa de uma tia por exemplo, que é um lugar que ele não está acostumado, com os primos que ele sempre vê, mas não ali, barulhos diferentes, ansiedade do passeio , comida feita por outra pessoa... O bicho pega! Antigamente ele pediria o tablet e ficaria na dele, no sofá sozinho. Hoje ele quis interagir com os primos e a irmã, mas a grande questão é que ele não sabe como. Ele fica perdido, nas brincadeiras muito desestruturadas ele simplesmente não sabe o que fazer... Ele se perde , ele começa então a " provocar" a irmã, pega o brinquedo da mão dela, por exemplo. Corre sem motivo, acompanha as crianças mas não interage, ele começa a se jogar mais no chão , no sofá e a fazer o "ihhhhhhh" (sinais de que os estímulos estão intensos e que precisa regula-los ).

Ele nao fica agressivo, isso nunca aconteceu e nem provoca os primos, ele vai sempre na irmã e aí eu entro em cena para mediar.

Hoje por exemplo, precisei tira-lo de cena, leva-lo para um lugar sem ninguém, lembrar algumas regras, acalma-lo um pouco, fazer uma massagem nas mãos e nos braços . Ele fica muito excitado em visitar os primos aí junta a dificuldade em socializar  mais o  excesso de estímulos ... Ele simplesmente não me ouve , por isso intervenho para organiza-lo . Depois desse momento, ele ficou mais calmo e voltou a me ouvir.

A questão do brincar é muito complicada, ele esta com quase 6 anos, as crianças dessa idade inventam brincadeiras e brincam sozinhas, ele não, ele precisa de mediação constante e mesmo assim se desinteressa e acho difícil mediar muito por conta dos outros, por poder inibir a brincadeira . Como já disse, sendo estruturada, sendo um jogo é mais fácil , é concreto e ele tira de letra , agora quando ele precisa entender, criar e acompanhar a brincadeira, é extremamente difícil e desorganizador para ele.

O ponto positivo que tiro de hoje é o fato dele estar junto das outras crianças , de querer brincar, mesmo sem entender já valeu a pena.
Estamos no começo de um longo tratamento , com muita dedicação e T.O. tenho certeza que conseguiremos minimizar essas dificuldades , que são próprias do TEA.

Cada autista é unico... Eu entendo do Alexandre e para ele seu maior desafio é o social !




sábado, 28 de maio de 2016

Alexandre em ... Autocorreção!

Alexandre voltou a falar com 3 anos e 11 meses e alguns meses depois notamos que ele já estava lendo... Hoje ele fala tudo, antes o que era um transtorno de linguagem, hoje com muita fono ele tem apenas um atraso de linguagem.

Para ele ainda é difícil expressar alguns sentimentos, ele não entende ou não consegue dar nome ao que sente. Ele vem melhorando muito nesse aspecto, pois sempre que notamos essa dificuldade , nomeamos e explicamos para ele.


Ele não é falante, mas quando o assunto é de seu interesse, fala bastante sobre o assunto, sem perceber , ou se importar se a outra pessoa está entendendo ou gostando do assunto, ele simplesmente FALA exaustivamente.

Atualmente ele está vidrado em gibis da Turma da Mônica. Adora e passa sempre que possível, muito tempo lendo e comentando as histórias que lê. Afinal se ele gosta, TODO mundo gosta também, né?
Ele encontra algo engraçado, alguma expressão, ou algo que não entendeu, logo vem perguntar ou contar o que gostou.

Logo de cara ele percebeu que o Cebolinha não fala os erres e aos poucos foi notando que ele também apresentava dificuldade em pronunciar palavras com erre, ele omitia os erres dos meios das palavras ou palavras com encontros consonantais do "R"(pRato, gRama , livRo ...).

Ele nunca verbalizou essa dificuldade, mas notamos que quanto mais ele lia os gibis, mais ele se corrigia.

E assim, por conta do Cebolinha, hoje ele não omite mais, pelo contrário, ele reforça os erres das palavras de propósito.

Ele normalmente faz a comparação , por exemplo, fala a palavra certa, reforçando o erre e depois fala que se fosse o Cebolinha , falaria sem o erre.

Ainda fico impressionada, para algumas coisas ele tem uma percepção fantástica e para outras nenhuma. Volto a falar, muito característico do transtorno, pois ele só se corrigiu pois começou a se interessar pelos gibis.

Aos poucos o repertório, seus focos de interesses vem aumentando e isso é um dos nossos objetivos! Afinal para se socializar e interagir com as pessoas é preciso se interessar por outros assuntos que não sejam apenas carros, aviões, corrida ... Aumentando seu repertório, seus interesses , aumentamos a possibilidade dele conversar sobre diversos assuntos e melhorar sua socialização.












sexta-feira, 15 de abril de 2016

CANAL


Comecei a escovar os dentes dele quando ele tinha uns 2 anos ... Era impossível mexer na boca dele, aos poucos fui conseguindo e com 4 anos e meio ele teve cárie...
Foi um inferno o tratamento. Eram quatro , uma maior e as outras pequenas... Gritos,  chutes, mordidas, muita contenção, muita desorganização, muita falta de tato e de preparo por parte dos profissionais para lidar com uma criança e ainda autista ...

Dentes tratados, comecei então a garantir uma escovação no dia, a da noite, feita por mim ou pelo marido. Diminuímos as balas , e assim ficamos por um ano, sem nenhuma intercorrência,  até que sua bochecha inchou e ele começou a reclamar de dor...

GELEI !

Levamos nessa mesma clínica que tratamos e a dentista deu o veredicto: CANAL ! Completando que por já conhecer o Alê, que o melhor seria realizar o tratamento sedado se e que lá não tratam canal.

Fui procurar primeiro no google , depois pedi indicação no facebook.

Liguei para vários consultórios , explicando a urgência, que ele é autista e sendo muito enfática  na necessidade de sedação.  Alguns disseram não fazer , outros disseram que podiam indicar, outros o preço era muito alto. Achei também uma dentista recomendada em blogs, matérias sobre o autismo, mas ela não tinha disponibilidade para atendê-lo nesse mês.

Encontrei na internet uma clínica, vinculada `a um hospital na zona leste , marquei, uma amiga indicou o dentista do filho, marquei também, e outra amiga outra indicação e marquei também .

 Depois de muito choro e de ligar para vários consultórios, decidimos fazer uma avaliação nesse clínica ligada ao hospital na zona leste e comecei a desmarcar os marcados...
Um desmarquei com a secretaria e o outro o próprio dentista atendeu...

Ficamos quase uma hora no telefone...
Ele primeiro me acalmou, percebeu o meu desespero total, acredito que percebeu que as experiências pregressas foram desastrosas em dentista e foi explicando como ele atende, disse que se achasse necessário ele realizaria no hospital, de sua preferência e aí sim sedado, mas que essa seria a última alternativa... Desmarquei e depois de cinco minutos liguei remarcando para o dia seguinte!
Ele me passou TANTA confiança, tanta tranquilidade ... Como faz diferença conversar com o próprio profissional ... Tinha que ser ele, gostei de cara pelo telefone.

Chegando no consultório, o Dr. nem olhou para mim , nem para o marido, foi direto no Alê. Se apresentou, mostrou todo o consultório, deu água para ele, conversaram sobre carros, futebol ... E o Alê numa boa, relaxado.
Só podia um responsável na sala e o Alê escolheu o pai. Ele sentou SOZINHO na cadeira, abriu a boca e deixou o Dr. examinar.
FOI SENSACIONAL ! Fiquei encantada , maravilhada e calma pela primeira vez em um dentista!
Superou todas as minhas expectativas, o Dr. e o Alexandre!

Depois o Dr. pediu para ele esperar na recepção, que iria conversar com a gente e lá ele ficou, numa boa. Foi umas duas vezes espiar um pouquinho e voltava para a recepção.

O veredicto foi o mesmo: CANAL !
Ele vai tentar tratar em consultório, deu um preço fechado independente da quantidade de sessões necessárias para terminar, explicou o tratamento e disse que recorrerá ao plano B, sedação e tratamento no hospital caso achar necessário.

E ainda descobrimos dois dentes moles de tudo, prestes a cair !

Sábado é o dia ... Estou bem otimista e confiante.
Na torcida!!!!!









sexta-feira, 8 de abril de 2016

Interagir

" Filho, você brinca com o Alê? "
" Mãe, não conta pra mãe dele nem pra ele, mas é que o Alê gosta de brincar sozinho."


Ainda me comovo com a pureza das crianças ... A simplicidade da leitura que elas fazem...

Não tenho certeza se ele gosta ou se é mais confortável para o Alê brincar sozinho, sei que as crianças o chamam para as brincadeiras no parque da escola e sei também que ele vai por alguns segundos e se desinteressa muito rápido, não consegue permanecer na brincadeira e logo vai buscar fazer algo sozinho.

Sei também que nas atividades dentro de sala ele interage com a mediação dos professores, que participa das rodas de conversa, que conta do seu final de semana e se no final de semana tem corrida é esse o tema que vai para roda como algo significativo para ele.

Todo dia faço as mesmas perguntas sobre a escola para ele e para a Stella, o que comeram no lanche, o que teve que eles mais gostaram no dia, com quem eles brincaram... A Stella quando pergunto dos amigos sempre diz os nomes das amigas que brincou, o Alê diz os nomes dos professores, aí eu falo: " São seus professores!" E ele responde: " São amigos também , mamãe!"
Depois vou perguntando se brincou com fulana e fulano , conheço os nomes de alguns e tem dia que ele fala que não brincou com ninguém e tem dias que ele diz que brincou.

Agora posso dizer que ele está adaptado totalmente na Nova Escola ... Ele adora!
Não chorou nenhum dia, mas eu sabia que ele estava meio perdido, sem saber nomes, lugares e sei que lá ele encontrou apoio, segurança e aos poucos foi tomando o espaço pra si, se sentindo cada vez mais parte.

A interação social é uma GRANDE questão  para ele e para todos os autistas, sei que para ele é muito difícil de entender e de querer participar, afinal, para isso ele teria que levar em conta o interesse de alguns e não o dele, e isso o incomoda muito. Ele sabe que interagir com adultos é mais fácil. As crianças esperam que ele entre na brincadeira naturalmente, que a capacidade dele de brincar de faz de conta seja igual, que ele crie personagens e desenvolva na brincadeira sem precisar de mediação... E isso ele AINDA não consegue! Ele precisa de muita ajuda para entender e permanecer. Sem contar o QUERER, pois se não for algo de seu hiperfoco, ele raramente se interessa.

Acredito que ele no fundo, adoraria brincar com as crianças, mas ficar na sua zona de conforto e brincar sozinho, não causa sofrimento.

Já devo ter colocado em algum post que ele não parece se importar em brincar junto com os amigos, acredito que por ser algo difícil dele lidar ele se recusa a fazer ... Ele gosta de andar de patinete no parque e de brincar na areia. Muitas vezes a irmã o procura e brincam juntos e se não procurar tudo bem também, ele adora ficar lendo os gibis da mônica , cebolinha, cascão e magali ... Seu relato no fim do dia sempre é  muito positivo sobre a escola.

Com o tempo, com muita dedicação, com muita terapia e amadurecimento ,  torço para que ele consiga interagir mais com os amigos da escola!


com a professora !!!!!!




sexta-feira, 1 de abril de 2016

Careca !!!!!

Cortar o cabelo do Alexandre sempre foi bem difícil ... Levamos ele ,nesses 5 anos e meio, três vezes em cabeleireiros especializados em corte infantil, com cadeiras de carro, dvd para assistir, balas ... E em todas as vezes foi um CAOS. Ele chora muito, se desorganiza porque cai cabelo nele, porque o barulho da tesoura cortando o incomoda, perto da orelha então é o pior momento, não gosta que toquem na sua orelha ... Máquina nunca conseguiram usar.

Essas idas só serviram para eu aprender mais ou menos a cortar o cabelo dele. Sim , eu que sempre corto. Normalmente faço isso no banho e levo uns 2 dias para terminar o "corte".

Com o trabalho sensorial indo muito bem com a T.O, propus para ele na última vez que cortássemos na sala e ele topou. Sentou no banquinho, enrolado na toalha e deu certo. Ele se incomodou com os cabelos caindo , mas foi contornável.

Essa semana já estava me programando para um novo corte e mesmo sabendo que ele não suporta o barulho da máquina, sempre a ligo , mostro como funciona, ele vê o pai cortando o cabelo com ela e pergunto se posso usar nele.
Surpreendentemente essa semana a resposta foi SIM! " Quero passar a máquina e quero ficar careca, igual o papai! "

O que fizemos então, o colocamos sentado, enrolado em uma toalha de praia BEM grande, assim o cabelo não cairia nos braços, nem nas pernas, colocamos um protetor auditivo tipo fone de ouvido e o pai começou a cortar o cabelo! Antes ligamos a maquina sem o protetor e ele disse que tudo bem, que podia passar...

Deu super certo!

É claro que no final, ele já estava mais irritado, querendo sair e se ver careca, mas foi muito tranquilo comparado a todas as outras vezes que cortamos o cabelo.

E quando ele reclamava por ter cabelo na nuca, que eventualmente caia, eu jogava talco e tirava os cabelos!

Uma grande conquista !
Fomos persistentes, nunca desistimos de tentar, assim como com tudo, uma hora ele acaba aceitando e o ajudamos a lidar da melhor forma com a situação e com os incômodos.

Desistir JAMAIS!!!!





E modestia `a parte... Ficou lindo! ;)

quarta-feira, 23 de março de 2016

Anjinho???????

Qual criança não é um anjinho?

As vezes sinto que muitas mães, para falar de seus filhos deficientes enaltecem esse lado meio místico, sempre se referindo como anjo azul quando é autista, ou como sendo abençoada e se intitulam "mães especiais".
Respeito.
Toda criança, para mim, é um anjinho e uma benção , colocar nesse patamar , meio que te proíbe de sofrer, de sentir medos, tristeza... Afinal você foi ESCOLHIDA, é ESPECIAL e TEM que suportar tudo e não pode fraquejar.

 Toda criança é especial e toda mãe é especial e ponto!

Não, não passei a gestação do Alexandre pedindo para nascer autista, não dei pulos de alegria quando ouvi o diagnóstico ... Desculpa.
Chorei, sofri, desconstruí uma fantasia de filho e deixei nascer outro filho, o real, o autista, com suas limitações e com suas qualidades. 

Colocar a deficiência como abençoada me soa como uma negação a ela, sabe?
Já que não posso lidar com essa frustração, com essa diferença, vou transformá-la em algo DIVINO assim posso lidar...Fica mais fácil. Será?

Como disse antes, respeito e até entendo, mas não acho meu filho autista mais que a minha filha normatípica, ambos são anjos (e muitas vezes não têm nada de anjo...) e me sinto abençoada por ser mãe dos dois.

Não tenho vergonha de dizer que muitas vezes fico cansada, que muitas vezes não quero ouvir falar de avião, de corrida de Nascar, que as vezes acordo assustada no meio da noite pensando no futuro do Alexandre, se ele conseguirá ser uma pessoa independente, se terá amigos , se arrumará um emprego... Que muitas vezes não sei como agir, que ainda choro. 

Ele não é mais que ninguém, não me sinto privilegiada por ser mãe de um autista, me sinto privilegiada por ser mãe do Alexandre e da Stella, meus filhos que amo.

Qual criança não é um anjinho?







sábado, 5 de março de 2016

RJ

O Alexandre parou de entrar no mar,  só de olhar ele se desorganizava , ficava nítido o seu incomodo diante da imensidão do mar. Na areia ele ficava , mas tinhamos que ter sempre água por perto para lavar as mãos, toda vez que as sujava de areia...
Antes ele adorava correr no mar, pular ondas e brincar na areia . Antes , eu quero me referir, quando ele tinha menos de dois anos, antes dos sinais ficarem mais nítidos do autismo dele...

Na nossa viagem ao Rio de Janeiro, pensei que seria : nada de mar e muita água para limpar as mãos...

Chegamos na praia, e ele foi até o mar com o pai e a irmã, querendo entrar, sentou na areia, brincou com a irmã, depois ia na ducha e rolava na areia e não pediu para limpar as mãos! Nenhuma vez , nem desorganizou, ele aproveitou!

E assim notamos o trabalho fantástico que a terapeuta ocupacional está realizando com ele, a nossa Beth ... Ele passou a apertar a descarga, a abrir garrafa de água, pote de bolacha ... Treinamos diariamente. Com a orientação da T.O. busco criar situações que proporcionem esses desafios, que estimulem sua autonomia e auto confiança , pois o Alexandre é uma criança muito receosa diante de qualquer situação nova, ele busca evitar o novo , pois não consegue acessar em sua mente estratégias para lidar ou adaptar uma para esse novo, ele só lida com o conhecido , por isso que a repetição o acalma, por isso que é preciso antecipar as coisas para ele.

Noto ele cada vez mais solto, buscando interação com as pessoas e as crises quase não acontecem, apenas pequenas desorganizadas que já sabemos lidar.
Ele ainda chora muito quando frustrado, quando percebe que fez algo que não queria fazer... Buscamos acalmar e explicar que tudo bem se sentir assim e que tudo bem errar. Logo dou um exemplo de como ele poderia fazer, para ajudá-lo seguido de muitos beijos e abraços. Ainda coloca, embora menos, as mãos nos ouvidos, em algumas situações ele ainda faz os "ihhhhhhh", normalmente quando esta muito feliz, excitado e anda nas pontas dos pés.

Mas sem a Beth me orientando, o estimulando e o ajudando a se regular sensorialmente, ele não estaria evoluindo tanto.

Fico impressionada em como ele vem buscando reagir ao meio de outra forma. 
Ele tem defensividade tátil e por conta disso, o toque, o contato com pessoas, texturas diferentes, como areia se tornam uma questão, podendo gerar incomodo ou até desorganizar... O que tenho reparado é a diminuição desses incomodos . 
Eu, todo dia faço massagens nele, pressionando com certa força todo o corpo dele( para propriocepção), o enrolo no edredom e o abraço com força, passo esponja, massinha, tecidos variados nos braços e pernas ... Estimulando a tolerância e o regulando sensorialmente. A caixa de arroz também ajuda na regulação e estimulação.

Nessa nossa viagem, mais uma vez ele nos surpreendeu e desejo que continue assim, evoluindo e nos surpreendendo !

 
em Copacabana 











quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

JJ 3924

" Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos para o céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar." Leonardo da Vinci

" Tripulação , preparar para decolar... "

Para contar sobre o nosso dia 23 de Fevereiro, preciso recapitular alguns detalhes...

Alexandre é alucinado por aviões, meu pai, o vovô Paulo é engenheiro aeronáutico e os dois são muito parecidos, e pelo visto, com a mesma paixão... O vovô é o maior incentivador dessa paixão, o vovô mora e sempre morou em apartamentos na rota do aeroporto,  sua varanda se tornou um dos lugares mais adorados pelo Alê. Ali ele aprendeu a diferenciar um Airbus A319 do A320 , a saber qual companhia tem Airbus ou Boeing ... E a TAM virou sua companhia favorita. Vovô tinha miniaturas da TAM, que agora descansam na cabeceira da cama do Alê, junto com uma miniatura da KLM, EMIRATES AIRLINES e Gol 10 anos.
De aniversário (acho que já contei aqui), ele ganhou um mega adesivo de parede de um Airbus A320 da TAM , 2,0m X 1,50m. 

Tinhamos que voar pela TAM !!!!! 

A família querendo ou não se envolve, tio mandou fazer camiseta com o logo da TAM, tios que viajam trazem para ele coisas do avião, aviões para montar, colher do avião com o logo da companhia, amigo do tio que é comandante da Azul traz as balinhas dadas em voo em formato de avião, vovô quando viaja filma o avião por dentro, tira fotos dos aviões no aeroporto... Enfim... É uma loucura !!!!!! 
E por sermos rodeados de pessoas assim, que o amam tanto e que embarcam na sua paixão, ganhamos dos meu tio e da minha tia milhagens da TAM !!!!
Por ser a primeira viagem de avião dele e da Stella, resolvemos ir para o Rio, por ser um voo rápido e por eu não conhecer o Rio de Janeiro. 
Data marcada, hotel reservado. Comecei a preparar as crianças para o tão sonhado dia. Fiz calendário com contagem regressiva de 7 dias para o voo, criei um "storyboard " com passo a passo(fotos) até o hotel e muita conversa. 
A vovó Teté nos levou no aeroporto com o nosso carro, como no "storyboard ", fizemos o check in, perguntamos se dava pra saber se o avião tinha a pintura da calçada de Copacabana ( o favorito dele) , o moço não sabia informar, mas disse que seria difícil ser esse. Tudo bem, estávamos em cima da hora do embarque e lá fomos nós. 
Quando chegamos no terminal e ele viu que viajaríamos no TAM com a pintura da calçada... Eu quase enfartei de felicidade. JURO ! Ele ia andar no finger (corredor de acesso ao avião) e ia no avião favorito dele!!!!! Ele estava eufórico e nós também ... Era muita sorte!!!!!!! 
Entramos, sentamos nos nossos assentos , antes expliquei ao comissário que era o primeiro voo dele, que ele era autista e alucinado pela TAM , claro que notaram de cara, pois ele estava com a camiseta da TAM e o avião da TAM na mão. Foi a sensação da tripulação!
 Fomos muito bem atendidos , as crianças ganharam sacos de balinhas com dizeres carinhosos da tripulação , ganhamos os copinhos com o logo da TAM... Atendimento nota 10 !
E a decolagem????? 
Fiquei super apreensiva por tudo, não sabia qual seria a reação dele, dela, eu particularmente não gosto, mas fico comportada, levei remédio para enjoo (caso um deles passasse mal...) , tava preparada para tudo...

Alexandre ficou vidrado na janela, o voo inteiro, falando sem parar, extremamente feliz vendo a cidade pequenininha ... Aproveitou cada minuto !
Não tivemos nenhum problema, ele AMOU e a Stella também, uma mocinha, sentada no seu assento, brincando com suas bonecas e jogando memória no tablet. 
Aterrissamos no Rio, o Ale conheceu a cabine do comandante, não curtiu muito não, queria ficar sentado perto da asa... 
Saiu perguntando quando voltaríamos para São Paulo para voar mais de TAM. 

Foi inesquecível ...!!!!! 










 
Storyboard que criei para as crianças. Recomendo e farei sempre!

      




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Um domingo congelante !

Hoje dividirei com vocês mais uma conquista ...

Quando ele tinha 1 aninho e meio o levei com a vovó para assistir o musical da Galinha Pintadinha, ele se assustou, chorou um pouco, não gostou de estar em um lugar escuro com muita gente, mas ficou no meu colo o musical inteiro, numa boa , e quase não se interessou pela apresentação.

Nessa época o autismo não tinha se manifestado tanto, ele nem colocava as mãos nos ouvidos ainda!

Depois do diagnóstico, confesso que tinha muito receio de leve-lo em peças de teatro, cinema (nunca foi ainda) ... Sempre evitamos essas situações que sabemos que ele desorganiza muito, preferimos parques abertos, praças, lugares iluminados, tentamos leva-lo em lugares que sabemos que não terá uma sobrecarga muito grande de estímulos.

Durante essa semana, conversando com a minha prima, que tem dois filhos também, da mesma idade dos meus, marcamos de levar as crianças no teatro. Logo minha cabeça se inundou de dúvidas, receios, medos... Me acalmei, e fiquei animada pois sendo do Frozen, que ele conhece bem, seria uma ótima oportunidade dele assistir uma peça de teatro.

Compramos os ingressos pela internet, um dia antes da apresentação eu e minha prima fomos na bilheteria trocar e reservar os lugares, afinal éramos em oito pessoas e queríamos sentar todos juntinhos!
Escolhemos os assentos e teria que ter acesso rápido para o corredor, caso o Ale quisesse sair por algum motivo.

Lá fomos nós... Chegamos no teatro, compramos algumas balas, água e sentamos. O Ale sentou entre o marido e a marida (risos), a minha pequena no meu colo, minha prima com a pequena dela no colo,  seu mais velho ao lado e o tio.
Apagaram-se as luzes e ... SUCESSO TOTAL !

Alexandre assistiu todo o musical, falou pelos cotovelos, perguntou onde estava a neve, quando a Anna saia ficava chamando por ela : " Anna, cadê você?" (sic)
Na hora da música "LIVRE ESTOU" fiquei apreensiva, pois ele não gosta da música , em casa pede para tirar e começa meio que a gritar para não ouvir, mas como a Stella ama a música, peço a ele que saia do quarto. Ele fica na varanda até terminar a música.
Inacreditável !!! Ele  assistiu numa boa, não reclamou da música, nem do escuro!!!!!!

Quando a Anna entrou de botas, aí ele foi ao delírio ! Só falava das botas da Anna!
Acho que já escrevi sobre o Alexandre e seu fascínio por pés, né?
Quem o conhece sabe, se ele gosta da pessoa e a pessoa deixar o pé na sua frente de bobeira é bem capaz dele lascar um beijo.

Foi um dia incrível ... Uma grande conquista e o melhor de tudo, foi presenciar a carinha dele de felicidade vendo as botas da Anna, entendendo a peça , rindo, questionando onde estavam os lobos, o monstro e dizendo que não tinha neve e sim bolhas de sabão!

Chorei de alegria , de alívio , de emoção... Essas situações me deixam muito tensa, não sei o que esperar dele, então espero tudo! Ele pode desorganizar ao ponto de termos que ir embora e pode acontecer como foi, tudo dar certo e ser um sucesso!

Que ele possa cada vez mais conseguir participar e curtir passeios como esse ... Foi um domingo maravilhoso e a mamãe aqui, mais uma vez foi surpreendida ... Que assim seja!


sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Escola nova... Nova Escola !

Alexandre e Stella matriculados !!!!

Eles vão estudar na Nova Escola !

Eu já tinha ouvido falar super bem de lá, não conhecia e comecei a procurar pelas que conhecia, Friburgo, Prima Escola, Colegio Criativa, Colegio Pauliceia , Elvira Brandão, Anhembi Morumbi ... Alguns desses o aceitaram, como já contei, alguns recusaram educadamente, alguns cobraram um valor diferenciado de mensalidade, pelo autismo do Ale, outros só entrei no site e não vi nada de inclusão , outros visitei e não gostei e por último fui na Nova Escola.

Na entrevista inicial com a diretora me encantei com o discurso... Ela falava da escola, das propostas e eu falava do autismo e sobre inclusão.
Em certo momento ela me disse: " Mãe, acreditamos aqui, que todos são inclusão, cada criança é uma, vamos conhecer o Alexandre, ver o que precisa ser adaptado e vamos fazer o melhor para proporcionar um bom desenvolvimento escolar. "

BINGO !

Achei a escola, pensei comigo!
Foi a última que visitei , e foi a que melhor nos recebeu!
Esse processo de escolha da nova escola das crianças foi muito doloroso para mim, já escrevi sobre isso , me marcou demais me deparar com tanto preconceito, omissão, despreparo... Volto a dizer, a escola deveria ser um lugar que celebrasse a diversidade.

Participamos de todo o processo de entrada: vivência, conversa com a coordenação  e tudo correu super bem!
O valor cobrado para o Ale é o mesmo que para qualquer criança da sala dele, não tem apostila( que achei ótimo) e como podem ver na foto, todas as salas do infantil possuem casinhas suspensas, equipadas!!!! Achei um sonho e a Stella quando viu , pirou também!

Estou muito otimista para o começo na Nova Escola!
Que seja um ano de muita parceria, de muitas conquistas e torcendo para ter acertado na escolha!







sábado, 2 de janeiro de 2016

O que transforma

Tudo é uma questão de escolha ... Como você irá escolher encarar, quem você escolherá ser na sua vida, quem escolherá para trilhar sua caminhada junto de você ...

Eu podia ficar me lamentando pelo autismo do Alê , mas escolhi lutar por ele e pela inclusão, escolhi proporcionar a ele qualidade de vida e lhe oferecer armas para lidar com as dificuldades dele e do mundo em aceita-lo .
Fui estudar, fui pesquisar qual o tratamento que seria mais adequado para ele, o que ele precisaria mais rapidamente para ajudar em seu desenvolvimento emocional , social e sensorial.
Escolhi não trabalhar para estar mais perto, para participar das terapias e para o estimular em casa também... Devo voltar esse ano a trabalhar meio período, pois período integral me MATARIA, além de me tirar as manhãs fundamentais com as crianças , onde realizamos atividades, brincamos e é no período da manhã que as terapias acontecem.

Escolhi priorizar meus filhos, minha família. Temos um ritmo, que em algumas situações é diferente, já sabemos muitas vezes o que dá e o que não dá para fazer com o Alê. Por exemplo, nunca fomos no cinema. Sei que escuro, silencio, filme que precise de sua atenção e concentração ainda é algo muito difícil, só se o filme for sobre NASCAR ou sobre AIRBUS E BOEING  ele assistiria !

Muitas vezes ele chora por algo que não entendemos o motivo, outras tantas já aprendemos a entender ... Ele tem hipersensibilidade auditiva e alguns barulhos o incomodam demais e assim precisamos sair do lugar pois ele desorganiza!

Outro dia ele tropeçou e bateu a cara na parede do supermercado, ralou o nariz um pouco... Ele começou a chorar, eu não estava muito perto dele, achei que estava sangrando muito... Ao chegar perto conferi onde ele tinha machucado, ele me pediu desculpas , eu o confortei, dizendo que as vezes caímos e tudo bem, que devia estar doendo mesmo e que colocaríamos um gelinho no nariz. Ele aceitou, sentamos numa mesinha e ele se calou . O chamava , ele demorava a olhar, eu perguntava se estava bem ele falava apenas um SIM baixinho.
O meu coração já estava esmagado...
Ele demorou em torno de 2 horas e meia para voltar ... Ele saiu do ar, olhar vago, perdido... Ficou no meu colo como um bebezinho por uma meia hora.
Depois voltou a falar pelos cotovelos, a brincar com a vovó que estava com a gente no dia...
Ele precisa desse tempo a mais para se organizar, e nós escolhemos respeitar esse tempo dele, o ritmo dele, as estereotipais dele ... Para nós, não tem problema nenhum.

Escolhi um marido que compartilha dos mesmos pensamentos, objetivos e das mesmas prioridades.
Me recordo numa conversa logo após o diagnostico do Ale , que além de educadores, que teríamos que ser protetores e em muitos momentos teríamos que ser também os interpretes dele e do mundo para ele. Resolvemos então, tomar certos cuidados a mais, nos apropriar do autismo, conhecer a teoria e relacionar com o Alê para poder entender o autismo do Alê.
Resolvemos também que ao nosso lado ficariam os que aceitassem o Ale do jeitinho dele, que quisessem fazer parte e ajudar, que explicaríamos para quem quisesse saber , que falaríamos numa boa sobre o tema para que ele , num futuro , possa falar naturalmente sobre ele e sobre seu autismo.

Por isso falo em escolhas, em se apropriar delas e pagar o preço... Quando temos a consciência da escolha,  passamos a nos responsabilizar, nos tornamos DONOS da nossa vida , e não mais expectadores, responsabilizando o MUNDO, os OUTROS pelos nossos erros , acertos e escolhas.
A caminhada fica mais fácil e faz mais sentido, acredite.

Seria hipócrita em dizer que no começo não questionei o porquê do meu filho ser autista, questionei sim. Mas essas perguntas não fariam nada mudar, pelo contrário, me estagnariam nisso.
 Escolhi não pensar nisso e me focar no HOJE, no que posso fazer para ajudar o Ale, como posso melhorar a sua qualidade de vida para que ele consiga se expressar, se comunicar e ser o mais independente possível e autônomo no futuro. CLICK !

O autismo é genético, ele nasceu assim e ponto!
Eu podia me lamentar, negar ou LIDAR com ele.
Eu escolhi lidar ...
Eu escolhi respeitar...
Eu escolhi amar...