domingo, 15 de fevereiro de 2015

Detalhes



As pessoas portadoras de TEA enxergam o mundo de uma forma diferente, apresentam dificuldade em juntar parte/todo , se focam mais nos detalhes e por conta dessa dificuldade ,em muitas situações perdem o contexto geral da cena, da conversa.

Dificuldade que está sendo muito trabalhada na fono e em casa, com atividades de sequencia de imagens em cartões e aplicativos no tablet, onde ele precisa contar o que vê e ligar as figuras, formando uma pequena história e com quebra cabeça que ele só gosta de jogar os do tablet, com fundo, com a sombra do quebra cabeça, se for o de madeira e com mais de 5 peças ele se irrita muito, perde o interesse e se recusa a terminar.

O Alexandre as vezes pega a máquina fotográfica, liga e tira fotos, normalmente eu apago e nem olho direito. Outro dia lá foi ele, pegou a máquina e me pareceu tão determinado que resolvi dar uma checada nas fotos... Normalmente é assim: ele pega, tira umas 4 ou 5 fotos, desliga a máquina e guarda no lugar, não me chama, não fala nada, apenas vai e tira suas fotos.

Escolhi algumas para compartilhar com vocês...




 

 

 

 

 A primeira foto do pai, ele tirou e nem percebemos, depois eu pedi para ele tirar uma foto do pai fazendo careta, a segunda foto do pai... Foi com a intenção de ver se ele buscaria o rosto inteiro ou não. Na hora ele até se afastou um pouco para tirar, para  enquadrar o pai ...

Eu acho que reflete o modo como ele vê, no que ele se foca, nas partes e não no todo...

A fotografia é uma forma de expressão, pra mim, ele está se mostrando, colocando um pouco dele nessas fotos, como ele percebe o mundo e achei SENSACIONAL !







terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Como seria?????

As vezes me deparo com uns textos na internet  dizendo que descobriram a "cura" para o autismo e aí penso: "Oi? Cura? Como assim?

Se realmente descobrissem a "cura" , como seria?
Crianças com seus 5 anos, 10 anos poderiam ser curadas? Conseguiriam funcionar de outra forma? O pensamento deixaria de ser concreto? Seria isso possível? Crianças com dificuldade de interação amanheceriam extrovertidas , querendo brincar freneticamente com todos ao seu redor?
Detectariam na gestação o transtorno? Como hoje existe o exame  da translucência nucal, para estimar o risco de certas doenças e síndromes, como a de Down e cardiopatias, seria assim?

O fato é que a criança nasce autista, mesmo que não apresente as características mais evidentes do transtorno, o autismo está ali, no jeitinho diferente de agir , na dificuldade em compartilhar atenção , em manter um contato visual ... E aos poucos, ou não, fica mais evidente, a ponto dos pais buscarem uma avaliação médica por notarem essas características diferentes.

Quando descobri o autismo do Ale ele tinha 3 anos e 2 meses, eu aprendi a amar, a respeitar e a entender esse jeitinho dele, desde sempre. Hoje , mesmo com a fono e todo trabalho que realizamos em casa com ele, ele ainda tem esse jeitinho e ai? A cura seria acabar com esse jeitinho? Eu não o reconheceria... Ter um Ale correndo pela casa gritando ser o homem aranha, não se incomodando com as etiquetas das roupas, brincando de várias brincadeiras,  de jogos sem ter o tema carro, ou corrida como plano de fundo...

Claro que, ele está em terapia para melhorar sua qualidade de vida, ter autonomia em diversas situações, aprender habilidades que ele necessita para um convívio social "adequado", " desejado e satisfatório para ele, mas o autismo está ali, ele continua funcionando da sua maneira, diferente do funcionamento da maioria e qual o problema?

Buscamos suavizar os sintomas, e imagino que, com casos graves a possibilidade de ter um filho verbal, interagindo mais, seria SENSACIONAL, um sonho, uma conquista espetacular, mas acredito nas terapias, que são muito eficazes, acredito no tempo deles, mesmo para os casos mais graves é possível suavizar, autonomia sei que é mais complicado, que são mais dependentes, mas é possível...

Na verdade, minha reflexão aqui é : Como seria possível , pois o autista funciona de outra forma, processa o mundo de uma maneira singular, seria assim possível um dia reverter por completo o transtorno?


Ninguém pede por um filho autista ou com algum transtorno... Isso é loucura, mas quando ele chega , é seu filho, você amará, respeitará, cuidará da mesma forma e aprenderá a conviver, a lidar com o transtorno da melhor forma que for possível lidar.

E se um dia existir essa "cura" , não precisamos, não queremos... Obrigada!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

volta as aulas...

O Ale continua no Colégio Doze de Outubro, agora ele esta no infantil II, correspondente ao jardim I , ano que vem infantil III e depois rumo ao fundamental!

Nesse ano a reunião de pais aconteceu antes do inicio das aulas, achei muito bom, conhecemos a professora, ouvimos a proposta para esse ano letivo, passeios, trabalhos, postura... Foi uma reunião muito acolhedora e tranquila, como sempre.

Eu estava receosa pelo Ale, afinal ele mudaria de professora, foram dois anos com a mesma, que ele tem o maior carinho do mundo. Lendo muito sobre isso, resolvi escrever uma carta para a professora nova, contando um pouco do Ale, dando dicas para lidar com as crises, dicas para ir ao banheiro, como colocar limites sem dizer tantos "nãos", afim de ajudar no lidar com ele e me colocar a disposição para tudo.
Levei a máquina fotográfica para tirar fotos da classe nova e da professora, para ter uns dias de preparação com ele, embora durante todo o mês de janeiro, vim conversando com ele, dizendo que ele mudaria de classe e professora.

Para o meu espanto e alegria a professora nova já tinha separado uma foto dela para entregar ao Ale, afim dele já saber quem seria sua professora e ela adorou a minha iniciativa da cartinha.
Se mostrou super aberta e curiosa em relação ao Alê.ADOREI !

Trouxe para ele a foto da professora e mostrei as fotos que tirei da sala nova, e ontem, dia 4/02 foi o primeiro dia de aula e ele disse: " Hoje é dia de doze, quero ver a Kelly! "

E deu super certo essa preparação toda, as fotos, as conversas... Entramos com ele, ele viu a antiga professora e disse:" Não quero Elisa, quero a Kelly!" (sic)
Reconheceu a professora, ficou pulando freneticamente repetindo o nome dela , mas não entrava na sala. O acalmei, expliquei que seria como no ano passado, que ele precisava entrar na sala, com seus amigos e com a nova professora e que a mamãe , o papai e a Stella iríamos embora. Nos deu tchau, entrou numa boa e foi brincar no chão com os blocos de empilhar!

Não chorou, não teve crise, NADA, só uma reação  um pouco exagerada ao ver a professora, mas normal, é assim que ele reage quando fica excitado e muito feliz.

Não me ligaram o dia todo, e quando fui busca-lo soube que ele ficou super bem, com sempre ficou na escola!
Missão cumprida!
Que esse ano seja um ano repleto de conquistas na escola e um ano de muita parceria!