terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ABA



Existem vários tipos de terapias que podem ser usadas para ajudar uma criança com autismo. Independente da linha escolhida, a maioria dos especialistas ressalta que: o tratamento deve começar o mais cedo possível; as terapias devem ser adaptadas às necessidades específicas de cada criança e a eficácia do tratamento deve ser medida com os avanços da criança.

ABA (applied behaivor analysis) análise aplicada do comportamento é uma intervenção comportamental muito eficaz nos casos de autismo. O terapeuta atua como um educador, ele analisará os comportamentos da criança , tendo como base que todo comportamento é aprendido, tanto os adequados quanto os inadequados. Esse método ABA pode ensinar intencionalmente a criança a exibir comportamentos mais adequados no lugar dos comportamentos problemas.

Os objetivos da intervenção são:
  1.  Trabalhar os déficits, identificando os comportamentos que a criança tem dificuldades ou até inabilidades      e que prejudicam sua vida e suas aprendizagens.
  2.  Diminuir a freqüência e intensidade de comportamentos de birra ou indesejáveis, como, por exemplo: agressividade, estereotipias e outros que dificultam o convívio social e aprendizagem deste indivíduo.
  3.  Promover o desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas, adaptativas, cognitivas, acadêmicas etc.
  4.  Promover comportamentos socialmente desejáveis.
A fono do Alê já sugeriu que ele começasse a terapia. Por conta do alto custo do tratamento em geral, optamos em buscar a terapia gratuita, para aliviar no orçamento.
Comecei então a buscar na internet lugares que realizassem atendimento gratuito à criança autista e que fosse perto , ou relativamente perto de casa, afinal será um tratamento longo e sendo mais perto, melhor para locomoção, não sendo necessário acordarmos cedo demais para sair de casa, menos tempo no trânsito e menos estresse pra todos.
Primeiro que alguns lugares que achei na internet dizendo que realizavam atendimento ao autista , não realizavam, depois os que realizavam de forma gratuita dependiam da disponibilidade de vagas para assim começar uma triagem , depois dessa triagem o encaminhamento para as terapias necessárias. Quando perguntei se tinham uma previsão da abertura para a triagem apenas me disseram para ligar semanalmente verificando.
Fiquei bem desapontada, pensei em quantas maridas por aí existem buscando atendimento para seus filhos autistas, ou até um diagnóstico, porque muitas podem perceber algo diferente no desenvolvimento de seus filhos e por conta dessa burocracia e demora nos atendimentos gratuitos, nem imaginam que seus filhos são autistas e a consequência disso:  um diagnóstico tardio, prejudicando o prognóstico, uma angústia enorme pela falta de respostas, e um descaso sem tamanho.
Acabei desistindo do atendimento gratuito, NÃO, não podemos esperar ter vagas sabe lá , quando...
E quem não tem essa opção? Como faz? Revoltante, né?
Essa realidade é triste, é cruel,  a demora por um atendimento é injusta e desumana e não deveria ser assim. 
Sei bem como é angustiante olhar para um filho, perceber que algo não está indo bem e não saber ou não ter a certeza do que é. Desse momento até o diagnóstico a angustia toma conta, mesmo.
Estamos falando de seres humanos, lidando com vidas, na maioria crianças, deveria ser prioridade o atendimento, ter centros de qualidade  para o autismo e outros tantos transtornos, pelo menos 3 ou 4 por região ... Centros esses com funcionamento o ano todo.
Sei o quanto meu desejo é utópico ...Ainda sim , prefiro sonhar e acreditar na melhora do atendimento publico de saúde no nosso país. 


   





sábado, 1 de fevereiro de 2014

ficção x realidade

Ter um personagem na novela das nove com o transtorno do espectro autista me deixou animada, achei que já era tempo de abordar esse tema e começar a desmistificar.
Os capítulos foram passando, e a questão do autismo mesmo, cada vez abordada de uma forma BEM sutíl, por alto, o foco ficou na ligação entre os personagens, no sentimento de ambos e na mãe super protetora...
Enfim, me decepcionei ...
Tanto a ser explorado sobre o transtorno: tratamentos, a diversidade de cada caso, a dificuldade em atendimento gratuito, a falta de informação, o preconceito que sofrem diariamente, a questão da inclusão, a demora na evolução, o pinga pinga da família que busca diversos tipos de atendimento e cada um em um lugar da cidade em muitos casos, podiam ter abordado também a questão da importância do diagnóstico mais precoce.
Vejo que foi perdida uma grande chance para se discutir o assunto mais profundamente, de uma forma mais real possível.
A personagem Linda não representa a maioria das pessoas no espectro, ela evoluiu rapidamente quando o Dr. Rafael apareceu em sua vida, meio que por mágica. Sim, o amor, o carinho, a compreensão e o respeito pelo indivíduo, sendo este especial ou não são essenciais e sempre ajudará, mas no caso de uma pessoa autista um tratamento multidiciplinar é extremamente fundamental para a sua melhora e esse ponto devia ter sido abordado.
Eu li recentemente em uma pagina do facebook , um relato de uma mãe sobre o mesmo tema e me identifiquei bastante, dentre muitas coisas que ela disse uma me marcou,  que ela não precisa que as pessoas acreditem que seu filho possa vir a casar  e sim que saibam que seu filho precisa de espaço, precisa ser respeitado, que se ele não gosta de ser agarrado, que não o agarrem, se seu filho grita e pula quando está feliz, que não olhem com desprezo, estranheza como se ele fosse um E.T. e sim que possam entender sua forma de expressão.
O preconceito é grande e ele é de uma forma velada, meu pequeno não percebe, não entende e muito menos olha nos olhos das pessoas que o olham, para entender aquele olhar descriminatório, como se ele fosse um E.T., mas eu olho, eu vejo, eu percebo e dói muito em mim e ao mesmo tempo dá uma vontade ENORME de questionar a pessoa.
Nunca fiz e espero nunca fazer, mas as vezes dá vontade... Normalmente eu conto até 10, respiro fundo e deixo pra lá. Enquanto for só um olhar.
Por mais que eu deseje que o olhem de uma forma mais afetuosa, mais respeitosa, não posso a cada olhada torta transformar em uma batalha, mesmo querendo, não dá.
Por isso, essas oportunidades de tornar o assunto mais evidente, são ricas demais, possibilitaria a muitos que desconhecem o transtorno conhecer um pouquinho, discutir , buscar saber e assim mudariam seus olhares... Infelizmente não foi isso que aconteceu.
Mesmo criticando a pouca exploração do tema, só pelo fato de ter abordado, valeu a pena... Que seja um começo, que possamos cada vez mais falar sobre e tornar o desconhecido, conhecido e assim mais próximo.