sábado, 1 de fevereiro de 2014

ficção x realidade

Ter um personagem na novela das nove com o transtorno do espectro autista me deixou animada, achei que já era tempo de abordar esse tema e começar a desmistificar.
Os capítulos foram passando, e a questão do autismo mesmo, cada vez abordada de uma forma BEM sutíl, por alto, o foco ficou na ligação entre os personagens, no sentimento de ambos e na mãe super protetora...
Enfim, me decepcionei ...
Tanto a ser explorado sobre o transtorno: tratamentos, a diversidade de cada caso, a dificuldade em atendimento gratuito, a falta de informação, o preconceito que sofrem diariamente, a questão da inclusão, a demora na evolução, o pinga pinga da família que busca diversos tipos de atendimento e cada um em um lugar da cidade em muitos casos, podiam ter abordado também a questão da importância do diagnóstico mais precoce.
Vejo que foi perdida uma grande chance para se discutir o assunto mais profundamente, de uma forma mais real possível.
A personagem Linda não representa a maioria das pessoas no espectro, ela evoluiu rapidamente quando o Dr. Rafael apareceu em sua vida, meio que por mágica. Sim, o amor, o carinho, a compreensão e o respeito pelo indivíduo, sendo este especial ou não são essenciais e sempre ajudará, mas no caso de uma pessoa autista um tratamento multidiciplinar é extremamente fundamental para a sua melhora e esse ponto devia ter sido abordado.
Eu li recentemente em uma pagina do facebook , um relato de uma mãe sobre o mesmo tema e me identifiquei bastante, dentre muitas coisas que ela disse uma me marcou,  que ela não precisa que as pessoas acreditem que seu filho possa vir a casar  e sim que saibam que seu filho precisa de espaço, precisa ser respeitado, que se ele não gosta de ser agarrado, que não o agarrem, se seu filho grita e pula quando está feliz, que não olhem com desprezo, estranheza como se ele fosse um E.T. e sim que possam entender sua forma de expressão.
O preconceito é grande e ele é de uma forma velada, meu pequeno não percebe, não entende e muito menos olha nos olhos das pessoas que o olham, para entender aquele olhar descriminatório, como se ele fosse um E.T., mas eu olho, eu vejo, eu percebo e dói muito em mim e ao mesmo tempo dá uma vontade ENORME de questionar a pessoa.
Nunca fiz e espero nunca fazer, mas as vezes dá vontade... Normalmente eu conto até 10, respiro fundo e deixo pra lá. Enquanto for só um olhar.
Por mais que eu deseje que o olhem de uma forma mais afetuosa, mais respeitosa, não posso a cada olhada torta transformar em uma batalha, mesmo querendo, não dá.
Por isso, essas oportunidades de tornar o assunto mais evidente, são ricas demais, possibilitaria a muitos que desconhecem o transtorno conhecer um pouquinho, discutir , buscar saber e assim mudariam seus olhares... Infelizmente não foi isso que aconteceu.
Mesmo criticando a pouca exploração do tema, só pelo fato de ter abordado, valeu a pena... Que seja um começo, que possamos cada vez mais falar sobre e tornar o desconhecido, conhecido e assim mais próximo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário