sábado, 2 de janeiro de 2016

O que transforma

Tudo é uma questão de escolha ... Como você irá escolher encarar, quem você escolherá ser na sua vida, quem escolherá para trilhar sua caminhada junto de você ...

Eu podia ficar me lamentando pelo autismo do Alê , mas escolhi lutar por ele e pela inclusão, escolhi proporcionar a ele qualidade de vida e lhe oferecer armas para lidar com as dificuldades dele e do mundo em aceita-lo .
Fui estudar, fui pesquisar qual o tratamento que seria mais adequado para ele, o que ele precisaria mais rapidamente para ajudar em seu desenvolvimento emocional , social e sensorial.
Escolhi não trabalhar para estar mais perto, para participar das terapias e para o estimular em casa também... Devo voltar esse ano a trabalhar meio período, pois período integral me MATARIA, além de me tirar as manhãs fundamentais com as crianças , onde realizamos atividades, brincamos e é no período da manhã que as terapias acontecem.

Escolhi priorizar meus filhos, minha família. Temos um ritmo, que em algumas situações é diferente, já sabemos muitas vezes o que dá e o que não dá para fazer com o Alê. Por exemplo, nunca fomos no cinema. Sei que escuro, silencio, filme que precise de sua atenção e concentração ainda é algo muito difícil, só se o filme for sobre NASCAR ou sobre AIRBUS E BOEING  ele assistiria !

Muitas vezes ele chora por algo que não entendemos o motivo, outras tantas já aprendemos a entender ... Ele tem hipersensibilidade auditiva e alguns barulhos o incomodam demais e assim precisamos sair do lugar pois ele desorganiza!

Outro dia ele tropeçou e bateu a cara na parede do supermercado, ralou o nariz um pouco... Ele começou a chorar, eu não estava muito perto dele, achei que estava sangrando muito... Ao chegar perto conferi onde ele tinha machucado, ele me pediu desculpas , eu o confortei, dizendo que as vezes caímos e tudo bem, que devia estar doendo mesmo e que colocaríamos um gelinho no nariz. Ele aceitou, sentamos numa mesinha e ele se calou . O chamava , ele demorava a olhar, eu perguntava se estava bem ele falava apenas um SIM baixinho.
O meu coração já estava esmagado...
Ele demorou em torno de 2 horas e meia para voltar ... Ele saiu do ar, olhar vago, perdido... Ficou no meu colo como um bebezinho por uma meia hora.
Depois voltou a falar pelos cotovelos, a brincar com a vovó que estava com a gente no dia...
Ele precisa desse tempo a mais para se organizar, e nós escolhemos respeitar esse tempo dele, o ritmo dele, as estereotipais dele ... Para nós, não tem problema nenhum.

Escolhi um marido que compartilha dos mesmos pensamentos, objetivos e das mesmas prioridades.
Me recordo numa conversa logo após o diagnostico do Ale , que além de educadores, que teríamos que ser protetores e em muitos momentos teríamos que ser também os interpretes dele e do mundo para ele. Resolvemos então, tomar certos cuidados a mais, nos apropriar do autismo, conhecer a teoria e relacionar com o Alê para poder entender o autismo do Alê.
Resolvemos também que ao nosso lado ficariam os que aceitassem o Ale do jeitinho dele, que quisessem fazer parte e ajudar, que explicaríamos para quem quisesse saber , que falaríamos numa boa sobre o tema para que ele , num futuro , possa falar naturalmente sobre ele e sobre seu autismo.

Por isso falo em escolhas, em se apropriar delas e pagar o preço... Quando temos a consciência da escolha,  passamos a nos responsabilizar, nos tornamos DONOS da nossa vida , e não mais expectadores, responsabilizando o MUNDO, os OUTROS pelos nossos erros , acertos e escolhas.
A caminhada fica mais fácil e faz mais sentido, acredite.

Seria hipócrita em dizer que no começo não questionei o porquê do meu filho ser autista, questionei sim. Mas essas perguntas não fariam nada mudar, pelo contrário, me estagnariam nisso.
 Escolhi não pensar nisso e me focar no HOJE, no que posso fazer para ajudar o Ale, como posso melhorar a sua qualidade de vida para que ele consiga se expressar, se comunicar e ser o mais independente possível e autônomo no futuro. CLICK !

O autismo é genético, ele nasceu assim e ponto!
Eu podia me lamentar, negar ou LIDAR com ele.
Eu escolhi lidar ...
Eu escolhi respeitar...
Eu escolhi amar...





 

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