domingo, 15 de janeiro de 2017

Faz parte do aprendizado... Do nosso!


Eu tenho uma teoria sobre Alexandre e suas frustrações...

Ele , por exemplo, provoca a irmã, ele sabe que fez errado, ai ele toma bronca e fica inconformado por ter sua atitude errada evidenciada, se nega a pedir desculpas, se nega a admitir , chora muito. Parece que se ele negar o erro, o erro não existiu e ele assim acha que não fez nada errado... E quando confrontado, chora muito e se lamenta demais por ter feito algo que não devia e que não se controlou ... Aí ele apenas quer que pare, a bronca, a  situação como todo e junta , nessas situações mais que nas outras, o fato de não conseguir expressar bem seus sentimentos e pensamentos... Conclusão: Tilt emocional!

Outro dia, uma situação dessa com a irmã, aconteceu... Ele tomou bronca, ficou inconformado com sua atitude e se negou a pedir desculpas e dizendo que não fez nada. Ultimamente ele anda querendo criar castigos para si mesmo, então, ao ser confrontado por mim o motivo pelo qual não pediu desculpas ele fala: " Então eu vou pra rua!" " Então não vou pra shopping nenhum..."

 Expliquei que quem decide se ele vai se privar ou não de uma atividade por conta de sua atitude era eu ou o pai dele, nunca ele.
Expliquei o motivo da bronca, que tirar da mão da irmã não é uma atitude legal, que se ele quer brincar , mexer no colar dela que tinha que pedir para ela.
( Percebem a banalidade? Uma situação extremamente comum entre irmãos pequenos e que para ele se torna algo gigantesco!)

Ele continuou se negando a pedir desculpas... E aí aumentei meu tom de voz um pouco  e  repeti algumas vezes : " Alê, você não teve uma atitude legal com a sua irmã, tudo bem errar, o importante é entender e tentar melhorar! "
Depois de falar 10 vezes... Ele chorando: " Mamãe porque eu erro? Não quero errar ! "
Essa é a maior dificuldade dele , lidar com a frustração , ele nunca espera errar, perder e quando acontece ele não sabe lidar!

Mas ele precisa aprender...

Nos abraçamos, expliquei que NUNCA ele iria para a rua, que eu e o papai estamos aqui para ajudar ele nessas situações, que o amamos muito, que é importante conversar e se precisar que ele deve pedir ajuda para nós...
Ele se acalmou e perguntei se ele tinha entendido... E ele diz que não entendeu NADA e que ia para rua! ( Ainda vou descobrir de onde ele tirou essa!!!! JURO!)

Abri a porta de casa e disse que se ele  queria sair, que fosse , então!(As vezes é preciso concretizar a ação, mesmo sabendo que não era isso que ele queria dizer, mas para ele entender o que ele estava falando e o ajudar a se colocar de uma forma melhor).
Ele voltou a chorar , disse que não queria ir , que queria ficar em casa sempre...

Mais uma vez voltei a explicar, que se ele não queria , não tinha que falar, disse que ele precisava pensar no que ia falar, que dizer que quer ir pra rua não é legal, que o lugar dele é em casa, que resolveremos o problema juntos e que estava tudo bem...

Ele quis deitar, fui com ele, ele veio no meu colo, nos abraçamos e eu disse que o amava muito, que só de pensar que ele queria ir pra rua eu fiquei chateada e preocupada, que ter tomado uma bronca por ter puxado da mão da irmã o colar, não era algo para TUDO isso!
E eu comecei a chorar...

Afastei ele e mostrei a ele que EU estava chorando, chateada... Que o que ele falou me deixou triste...
E ele me disse que não queria nunca ir, que estava difícil para ele ...
Eu segurei bem o rostinho dele , pedi que ele olhasse BEM nos meus olhos e disse:" Meu amor, mamãe te ama demais, eu sei que você não gosta de fazer algo errado, mas esta tudo bem, todo mundo erra e a mamãe e o papai estarão do seu lado para te ajudar! Deixa a mamãe te ajudar?"

E acho que nesse momento, ele entendeu mais um pouco sobre sentimentos e sobre tolerância ...

Abraçou a irmã, pediu desculpas... E o resultado desse dia foi que construirmos juntos uma pequena lista de combinados  e o primeiro item é "QUANDO TIVER UM PROBLEMA, TEMOS QUE CONVERSAR E PEDIR AJUDA."

Um conflito simples, banal ... Para ele não é ... E eu me acabo por dentro, por perceber o quanto é difícil para ele se colocar, se expressar e tolerar a frustração.
Eu além de mediar o conflito preciso traduzir seus sentimentos e o ajudá-lo a se expressar ... Entender a questão real e o ajudar ...
O que me vem a cabeça é a concretude de seu pensamento, ele é pouco flexível , tudo sempre é 8 ou 80 , os nuances são dificilmente percebidos por ele, de tudo.
Ele generaliza , muitas vezes os extremos ...
Se uma vez ele teve que ir pro hospital por ter vomitado 3 vezes, por exemplo, e ter que tomar soro, ele sempre acha que se ficar doente, com uma gripe, terá que ir pro hospital.
Por isso, acho que agora ele quer se auto castigar ... Tudo é motivo , puxar o colar, derrubar um copo são atitudes que ele sabe que não podem acontecer e assim, merecem castigos , na verdade, vejo que ele busca consequências para seus erros, por não suportar errar.

Recentemente vi o documentario " O começo da vida" (que super recomendo, por sinal!), e dentre tantas coisas bacanas, os especialistas falam que a criança erra mais que acerta, nas brincadeiras elas vão tentando até acertar , vão elaborando suas conexões , suas habilidades no brincar...
Aí eu logo pensei no Alê, que não explorava os brinquedos, que nunca se interessou nesses brinquedos de encaixar , por exemplo, que teve , por conta do autismo , essa parte tão fundamental prejudicada, ele sempre desistiu facilmente. Só depois do diagnóstico e com a ajuda da fono e com muita persistência conseguimos aos poucos estimular  mais essa habilidade. Para terem uma idéia, quando ele começou a fono ele permanecia menos de 5 minutos entretido em uma atividade, aos 3 anos de idade.

Tendo esse entendimento, fazendo essa reflexão, consigo compreender a sua dificuldade em errar e em tolerar sua frustração , tentando apenas lhe dar suporte para superarmos juntos mais uma dificuldade!











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