sábado, 5 de março de 2016

RJ

O Alexandre parou de entrar no mar,  só de olhar ele se desorganizava , ficava nítido o seu incomodo diante da imensidão do mar. Na areia ele ficava , mas tinhamos que ter sempre água por perto para lavar as mãos, toda vez que as sujava de areia...
Antes ele adorava correr no mar, pular ondas e brincar na areia . Antes , eu quero me referir, quando ele tinha menos de dois anos, antes dos sinais ficarem mais nítidos do autismo dele...

Na nossa viagem ao Rio de Janeiro, pensei que seria : nada de mar e muita água para limpar as mãos...

Chegamos na praia, e ele foi até o mar com o pai e a irmã, querendo entrar, sentou na areia, brincou com a irmã, depois ia na ducha e rolava na areia e não pediu para limpar as mãos! Nenhuma vez , nem desorganizou, ele aproveitou!

E assim notamos o trabalho fantástico que a terapeuta ocupacional está realizando com ele, a nossa Beth ... Ele passou a apertar a descarga, a abrir garrafa de água, pote de bolacha ... Treinamos diariamente. Com a orientação da T.O. busco criar situações que proporcionem esses desafios, que estimulem sua autonomia e auto confiança , pois o Alexandre é uma criança muito receosa diante de qualquer situação nova, ele busca evitar o novo , pois não consegue acessar em sua mente estratégias para lidar ou adaptar uma para esse novo, ele só lida com o conhecido , por isso que a repetição o acalma, por isso que é preciso antecipar as coisas para ele.

Noto ele cada vez mais solto, buscando interação com as pessoas e as crises quase não acontecem, apenas pequenas desorganizadas que já sabemos lidar.
Ele ainda chora muito quando frustrado, quando percebe que fez algo que não queria fazer... Buscamos acalmar e explicar que tudo bem se sentir assim e que tudo bem errar. Logo dou um exemplo de como ele poderia fazer, para ajudá-lo seguido de muitos beijos e abraços. Ainda coloca, embora menos, as mãos nos ouvidos, em algumas situações ele ainda faz os "ihhhhhhh", normalmente quando esta muito feliz, excitado e anda nas pontas dos pés.

Mas sem a Beth me orientando, o estimulando e o ajudando a se regular sensorialmente, ele não estaria evoluindo tanto.

Fico impressionada em como ele vem buscando reagir ao meio de outra forma. 
Ele tem defensividade tátil e por conta disso, o toque, o contato com pessoas, texturas diferentes, como areia se tornam uma questão, podendo gerar incomodo ou até desorganizar... O que tenho reparado é a diminuição desses incomodos . 
Eu, todo dia faço massagens nele, pressionando com certa força todo o corpo dele( para propriocepção), o enrolo no edredom e o abraço com força, passo esponja, massinha, tecidos variados nos braços e pernas ... Estimulando a tolerância e o regulando sensorialmente. A caixa de arroz também ajuda na regulação e estimulação.

Nessa nossa viagem, mais uma vez ele nos surpreendeu e desejo que continue assim, evoluindo e nos surpreendendo !

 
em Copacabana 











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