quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

diagnóstico

Por mais que ele tenha se adaptado na escola, um dia indo lá para participar de uma roda de música dos pais, observando a sala dele de longe , sem que ninguém me visse, eu notei...Foi como que se uma ficha caísse mesmo...Ele comparado as outras crianças ...Tinha algo de estranho... Era uma situação não dirigida, e ele vagava pela sala com as mãos nos ouvidos , enquanto os outros buscavam uma atividade para fazer... Na hora comentei coma minha mãe, que ele tinha algo... Fiquei incomodada, preocupada, algo aqui no meu coração me dizia ...Acho que é o que dizem de instinto materno...
Nessa altura eu já o tinha levado para uma avaliação fonoaudiológica , por conta do atraso da fala,  que me dissera que ele apresentava um dano  psicológico, que não era questão de fono, que eu tinha que investigar... Fiquei assustadíssima!
Entre essas e outras coisas ditas , ela disse algo que me marcou... :" O Alê é muito concreto. Ele não simboliza."
Marcou, me preocupou e fez todo sentido.
Simbolizar é representar mentalmente... Eu falo casa e penso na figura da casa, eu consigo imaginar uma casa...
simbolizar:
 v.t. Representar por símbolos; exprimir simbolicamente; ser o símbolo de: a pomba simboliza a paz.
V.i. Expressar-se através de símbolos.



O Alê realmente é uma criança muito CONCRETA, preto no branco, depois fui percebendo, observando-o com outro olhar, e me dei conta que o brincar dele é um brincar diferente, a brincadeira é muito inadequada para a idade, ele precisa sempre se olhar quando colocamos uma fantasia nele , por exemplo,ou quando passamos gel no cabelo, ou quando vê algo no desenho que não goste, parece que acontece com ele e ele chora...
Comecei ler  freneticamente na internet, buscando respostas e só conseguia ter mais perguntas. Pedi ao pediatra uma "luz", indicação, onde ir para aquietar minha angustia. Ele me indicou um neuropediatra, muito , muito bom por sinal, e fomos no neuro.
Entrei sozinha na sala com a pequena, o Alê ficou na sala de espera com o pai. Contei tudo sobre ele, suas manias, fixação por carros... Tudinho, o neuro me fez uma série de perguntas específicas, um questionário mesmo, depois o Alê entrou e logo veio o diagnóstico : Síndrome de Asperger ou Autismo de alto funcionamento. 

Pensei que iria desabar, estava angustiada, ansiosa... E o diagnóstico me acalmou! O neuropediatra me indicou uma fono especializada no espectro autista para outra avaliação e tratamento, por conta desse atraso na fala.
TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro. Afetando a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento . Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamado transtorno global de desenvolvimento (TGD). Mais recentemente cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista O (TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência (cognição) e fala intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Atualmente já há a possibilidade de detectar a síndrome antes dos dois anos de idade em muitos casos.

 Cada criança é de uma maneira... Eu lia antes e não conseguia ver o Alê num quadro geral, mas ele sempre apresentou algumas características marcantes... Em certo artigo uma vez, sobre autismo, li que entre o branco e o preto existe uma infinita variedade de tonalidades, e é assim que enxergo hoje...Tonalidades!

O Alê olha nos olhos, no meu,do pai , da avó e de pessoas que conhece... É extremamente afetivo, é muito carinhoso com a irmãzinha que chegou e com todos que buscam seu afeto , não tem problemas em comer, pelo contrário ... Minha mãe costuma dizer que o prato favorito do Alê é o cheio! rs 
 Eram questões que me deixavam em dúvida, investigar, deixar o tempo passar , afinal é o jeitinho dele, mais tímido que os outros, se irrita com barulhos, mas que mal isso tem? Por fim, minha angústia por um esclarecimento me fez ir atrás, não temer a resposta. Não podia pensar na hipótese dele ter algo e eu deixar passar e num futuro descobrir que perdi tempo, que podia ter feito algo antes.
Precisava tirar da frente todas as hipóteses...E assim eu fiz, neuro, fono, otorrino, pediatra... 


UM DIAGNÓSTICO PRECOCE PODE FAZER TODA A DIFERENÇA !
  

2 comentários:

  1. Eu nunca pensei que aos 60 anos tivesse que rever meus conceitos sobre educação, para mim toda criança era igual só mudava de mãe, porém o Alexandre está me fazendo rever tudo, principalmente a parte da "bronca", ela tem que ser explicada, com calma e firmeza para ele diferenciar o certo do errado. É uma escola para mim. Dri, você , o meu genro e o Alê estão me ensinando coisas maravilhosas, obrigada por deixar eu participar das suas descobertas . Só posso dizer: COISAS DO ALEXANDRE!!!!!!!

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    1. Estamos todos aprendendo com ele... Que esse aprendizado seja rico e suave...Obrigada você, velhota, por estar presente, por querer participar e por nos apoiar quado mais precisamos! Te amamos muito!

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