sábado, 16 de agosto de 2014

Cegueira mental

Quando me deparei com esse termo: CEGUEIRA MENTAL , fiquei logo de cara, extremamente curiosa.
O que significaria isso???
Segundo Chris Willians e Barry Wright, autores do livro "Convivendo com autismo e síndrome de asperger " (super recomendo por sinal, muito didático e esclarecedor!)", significa que indivíduos do espectro do autismo tem grande dificuldade em entender o ponto de vista, as idéias ou sentimentos alheios.
 Alguns pesquisadores denominam isso de " Teoria da Mente" insuficiente, a TOM refere-se a nossa habilidade de fazer suposições precisas sobre o que os outros pensam ou sentem ou nos ajuda a prever o que farão. Aptidão crucial para a vida em sociedade. Uma criança com autismo pode ter TOM totalmente enfraquecida, mas na maioria das vezes, apresenta apenas um atraso, ou seja, desenvolverão essas aptidões posteriormente e em menor grau do que as outras pessoas , que não estão no espectro.

Pra mim faz TODO o sentido com o Alê.
A cegueira mental se mostra no comportamento de crianças com TEA fazendo com que elas tenham dificuldade em:
  • apontar coisas para outros.
  • estabelecer contato visual.
  • usar gestos para se comunicar.
  • entender as emoções no rosto alheio.
  • mostrar interesse em outras crianças.
  • saber como se envolver com outras crianças.
  • manter a calma quando se frustrar.
  • entender que alguém pode ajudá-la.
  • entender como os outros se sentem em algumas situações (magoado, irritado, amedrontado...).
E a medida que cresce a cegueira mental pode se manifestar de outras maneiras, entre as quais:
  • foco apenas em suas necessidades.
  • dificuldade em compreender as emoções alheias.
  • necessidade de estar no controle.
  • uso de regras sociais rígido em vez de outras, adaptáveis.
  • problemas com revezamento.
  • ser facilmente levado por não entender os motivos alheios, as intenções.
  • não entender sobre compartilhar entusiasmo, prazer, pertences.
  • tendência a se relacionar mais com adultos, pois estes são mais previsíveis e tolerantes.
  • tendência em tratar as pessoas igualmente, sem diferenciar idade ou autoridade.
É um conceito interessantíssimo, não?
Quando estava grávida da Stella , antes do diagnóstico, o Alexandre estava impossível, ficava jogando todos os carrinhos do rack da sala no chão, sem parar.
 Um dia, depois de falar inúmeros "não" , resolvi colocá-lo de castigo, sentado na cadeirinha dele no corredor da cozinha. Eu pedia para parar , dava o aviso e se não parasse colocava-o lá.
 Deu certo , ele ficava "lindo", sentadinho lá, sem reclamar e com uma carinha de não entender , isso me intrigava, pois eu explicava calmamente o motivo que o deixei lá. Eu o coloquei de castigo umas 3 vezes, no máximo.
Aí , um outro dia mencionei a palavra castigo e ele pegou a cadeira, fazendo a menção de ir para a cozinha... 
Fiquei assustada, arrasada e nunca mais o coloquei de castigo. Vi que não fez sentido nenhum... Ele simplesmente associou a palavra ao lugar. E essa era a única coisa que não era para acontecer...
Desse dia em diante eu faço assim : "Isso não pode, mas isso pode" ou " Assim não pode, assim pode", eu dou o modelo, mostro o jeito certo , ou dou o objeto que pode . 
Sem saber, comecei a mostrar CONCRETAMENTE  e ele parou de jogar os carrinhos , como vem parando de empurrar a irmã, eu mostro como ele deve chamá-la, que basta encostar e dizer seu nome ou chamá-la para brincar : " Stella, vem aqui!"  
Tudo que implica emoções é muito difícil ainda para ele, entender que pode machucar, que a irmã está triste, que eu fico brava, que eu estou feliz, que a irmã não quer ver o vídeo da música que ele colocou, ele não consegue responder, por exemplo, se ele gosta de brincar com a irmã , qual brinquedo gosta mais.
Eu costumo nomear nas situações as emoções, explicar para ele, mesmo percebendo que ele não entende , mas sei que um dia entenderá melhor, sei que essa habilidade estará mais desenvolvida e que será no tempo dele, enquanto isso é ter muita paciência e respeitar essa dificuldade.  
  
  



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