sábado, 2 de agosto de 2014

Nunca esquecerei...Do divã mostarda!

Para o divã mostarda...

Quanto tempo! Foram 8 anos intensos de análise. Foi o meu melhor presente !
 Tudo que sou e conquistei foi, e é fruto desses oito anos INCRÍVEIS...As dificuldades não deixaram de aparecer, os problemas também, mas como encará-los é o que faz TODA a diferença.

Hoje tenho a minha tão desejada família, o meu canto, minha casa, tenho um marido que amo e admiro, atencioso, amigo e um pai maravilhoso,comprometido e presente. Tivemos dois filhos, o Ale que hoje tem 3 anos e 10 meses e a Stella de 1 ano e 2 meses.
Você precisa conhecê-los, eles são encantadores e modéstia à parte, lindos!
Lembra quando conversamos sobre o atraso de fala do Alê? Pois é, o levei em um neurologista e ele foi diagnosticado com autismo leve.
Nem te retornei depois, tanta coisa a partir daí aconteceu, começamos a buscar tratamento e hoje ele está fazendo fono, com uma especialista em crianças com TEA, uma querida. Em breve ele começará a fazer terapia com uma psicóloga , não será psicanalista, nem lacaniana, engraçado né? Mas será a que acho mais indicada ele, acredito que funcione melhor, por ele ser mais concreto. Veremos!

Sempre penso em diversos momentos marcantes da análise, aprendi a olhar de outra forma para diversas questões , a me RESPONSABILIZAR pelas minhas escolhas, pelos meus desejos , me colocar aí no mundo, me implicar , não achar que o mundo conspira contra,  mas que eu estou onde estou porque assim EU quero.
Nós buscamos nossos erros e acertos, nós nos sabotamos para paralisar , nós temos a vida que escolhemos ter e quando temos a consciência disso, tudo fica mais fácil, deixamos de nos colocar em uma posição de vítima, coisa que não somos e passamos a comandar a nossa vida, a nos apropriar dela, das nossas escolhas e assim capazes de mudar o nosso rumo, quando desejado, claro!

Diante ao diagnóstico do Alê, não me senti nem por um segundo vitimizada, ou algo parecido, no começo me senti perdida, fragilizada, mas fui estudar, ler, me informar mais, porque É O MEU FILHO, eu preciso ajudá-lo da melhor forma.
Chorei e choro muito ainda, tive que resignificar muito, enterrar expectativas para nascer outras, repensar a minha postura, as minhas atitudes e a nossa rotina  .
Negar (mesmo fazendo parte do processo de aceitação, mas aqui me refiro a uma constante negação ao transtorno), esconder, não foi e nunca será uma alternativa para nós. Buscamos encarar de frente,  nada é por acaso e se ele veio nessa família é porque temos muito que aprender com ele, com seu jeitinho de olhar o mundo e sentir esse mundo e ele com a gente também.
Você sabe quão ansiosa sou, e ele sendo não verbal até os 3 anos e 7 meses, praticamente não pronunciava UMA palavra... Eu quase tive um treco! Hoje ele fala, adoro repetir isso, ele FALA!!! Aprendi que é preciso tempo, cada um com o seu. Quando eu deixei de me preocupar(tanto), ele falou, e falou "mama" !
A vida é sábia, as nossas escolhas mais ainda... Vejo que tive que passar por tudo que passei ,para hoje ser quem sou, não temer as responsabilidades que busquei para mim , conseguir abrir mão de coisas sem me arrepender e ter a clareza das minhas prioridades!

Parei de trabalhar porque achei que assim o ajudaria mais nesse começo de tratamento. Estou fazendo isso porque quero, não TINHA que fazer, minha mãe podia levá-lo por mim, ele a adora demais, ela é super presente em nossas vidas e muito parceira em tudo, mas... Como delegar isso??? A minha presença??? Não dá e nem posso! Delegar a outros o que é de minha responsabilidade? Seria um tamanho retrocesso, seria voltar a uma antiga posição que não me pertence mais...
Ele está evoluindo super bem na fono e já está formando pequenas frases! Estamos muito felizes e otimistas e  sei que por estar acompanhando de perto, presente em todas as sessões, está o ajudando também.

São seis anos de alta !!! Nem acredito o quanto cresci , nem sei se hoje você ainda é mostarda! Se ainda fica no fundo da sala, de frente para aquela enorme janela...
O que sei é que não é fácil , que toda escolha implica numa perda, numa renúncia, mas quando é feita conscientemente, quando você se implica, vale a pena correr os riscos.
 A minha família está acima de tudo, eles são minha riqueza, meus pequenos são TUDO para mim, quem entender e quiser fazer parte sempre será bem vindo e quem não, tudo bem também, mas que nos respeite, respeite nosso ritmo, nossa rotina , porque ela precisa ser mais estruturada e regrada .
Outra conquista, não me sinto precisar agradar ninguém, a não ser eu mesma, a ser coerente com  os meus princípios e a não mendigar sentimento...
À você que me "guiou" nesse longo processo, só tenho a agradecer, todo acolhimento e toda sacudida.

Adriana













Nenhum comentário:

Postar um comentário